O plenário
do Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (6) projeto que permite aos
comerciantes estabelecer preços diferentes para compras feitas em dinheiro ou
com cartão de crédito. Para que seja sancionado, o texto ainda precisa ser
aprovado pela Câmara dos Deputados.
O projeto
susta uma resolução do extinto Conselho Nacional de Defesa do Consumidor que
estava em vigor desde 1989. A resolução proíbe cobrança diferenciada se o pagamento for feito por meio de cartão
de crédito.
A matéria
provocou divergência entre os senadores. Governistas, como Aníbal Diniz (PT-AC)
e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), apoiaram o projeto de autoria do senador
Roberto Requião (PMDB-PR).
O vice-líder
do PMDB na Casa, Romero Jucá (RR), tentou adiar a votação em plenário remetendo
o texto para duas comissões, o que não foi aceito pela maioria dos senadores.
Para
Requião, o projeto tem como finalidade favorecer a camada mais pobre da
população que não tem acesso ao cartão de crédito. Os senadores contrários à
proposta, porém, argumentaram que a medida poderá “engessar” a negociação entre
comerciante e consumidor.
“Estamos
liberando o sistema e não engessando porque essa possibilidade de os
comerciantes venderem com desconto ajuda o combate à inflação e favorece o
consumidor”, argumentou o autor. “Minha proposta libera a negociação e não
abole o cartão de crédito, mas não se pode obrigar uma pessoa pobre a pagar a
mais porque o Senado se recusa a votar”, disse Requião.
Segundo o autor
da proposta, as bandeiras de cartão de crédito são obrigadas a pagar PIS,
Pasep, ICMS e Imposto de Renda, por isso, o custo final repassado ao consumidor
é entre 3% e 4% maior do que as compras à vista.
“É evidente
que para a classe média alta, isso não se constitui num grande problema, porque
os cartões nos oferecem inclusive milhagem, pontos para a compra de passagens
aéreas. Mas, para o trabalhador de salário mínimo, para a maioria absoluta do
povo brasileiro, sequer essa compensação existe”, ponderou o autor.
A senadora
Ana Amélia (PP-RS) foi contrária ao projeto sob o argumento de que a segurança
dos consumidores que optarem por pagar à vista poderá estar em risco. Ela
afirmou ainda que, atualmente, na prática, esse desconto para pagamentos à
vista já existe. “Então, se vai praticamente engessar o que hoje está
funcionando”, ressaltou a senadora.
Débito
A resolução
que o projeto pretende sustar não traz referências a pagamentos em débito
eletrônico. O autor da proposta defende que compras desse tipo também sejam
consideradas transações à vista.
A
Confederação Nacional do Comércio (CNC) é favorável à classificação dos
pagamentos por débito automático como à vista. Para Cácito Esteves, advogado
sênior da entidade, a medida forçará as operadoras de cartão de crédito a
baixarem as taxas cobradas por operação. De acordo com Esteves, isso acabará
diminuindo os preços para o consumidor final.
“Defendemos
que o consumidor possa optar pela forma de pagamento. Se ele escolher um método
sem custos [para o vendedor], como dinheiro ou cheque, que ele não pague pela
utilização dos 2,5% a 4,5% referentes à taxa do cartão de crédito. Esse valor,
maior do que em outros países, é embutido nos preços de hoje”, explicou
Esteves.
Já o
Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), ligado ao Ministério da
Justiça, discorda. “Não é a diferenciação de preços que irá baixar as taxas. Se
o problema é a taxa, ela deve ser discutida com as operadoras de cartão”,
argumenta o diretor do DPDC, Amaury Oliva.
Segundo
Oliva, é “perigoso” autorizar cobrança que diferencia a forma de pagamento. “Há
cerca de 15 anos, era muito difícil ter cartão de crédito. Hoje, ficou mais
acessível. Principalmente as classes mais baixas usam o limite do cartão como
complemento de renda. Portanto, grande parte da população mais simples não vai
ganhar esse desconto. Corre o risco de pagar até mais caro.” Fonte: Erivando Lima

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