Uma vacina
experimental contra o vírus chikungunya mostrou-se eficaz no primeiro teste com
humanos, feito com 25 adultos saudáveis nos Estados Unidos. A pesquisa foi
conduzida por pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças
Infeciosas (NIAID), que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados
Unidos (NIH). Os resultados foram publicados na edição desta semana da revista
científica "The Lancet".
A nova
vacina é composta de partículas semelhantes a vírus (ou VLP, na sigla em
inglês). Essas partículas imitam os efeitos no sistema imunológico que seriam
provocados pelas partículas do vírus de verdade. Mas não podem causar infecção
porque não têm o material genético do vírus. Resultados anteriores, feitos em
macacos rhesus, já tinham sido promissores, protegendo os animais de infecções.
Para o teste
clínico, os voluntários receberam de duas a três doses da vacina, em diferentes
dosagens, ao longo de 20 semanas.
"Onze
meses após a vacinação, os níveis de anticorpos eram comparáveis àqueles
observados em pessoas que se recuperaram depois de uma infecção natural de
chikungunya, sugerindo que a vacina VLP pode oferecer proteção de longo prazo
contra o vírus. A vacina também gerou anticorpos contra múltiplos genotipos do
vírus, sugerindo que ela poderia ser efetiva contra quaisquer cepas do
vírus", disse a líder do estudo Julie Ledgerwood, do NIAID.
"Atualmente,
não temos vacinas licenciadas ou drogas aprovadas para essa infecção
debilitante, que causa febre e artrite severa e intensamente dolorosa",
completa Julie.
Entenda o
vírus
A infecção
pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais
dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa
"aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes
adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa.
Em
compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Em
idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, ela pode até
contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como as
pessoas pegam o vírus?
Por ser
transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, e também pelo
mosquito Aedes albopictus, a infecção pelo chikungunya segue os mesmos padrões
sazonais da dengue, de acordo com o infectologista Pedro Tauil, do Comitê de
Doenças Emergentes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O risco
aumenta, portanto, em épocas de calor e chuva, mais propícias à reprodução dos
insetos. Eles também picam principalmente durante o dia. A principal diferença
de transmissão em relação à dengue é que o Aedes albopictus também pode ser
encontrado em áreas rurais, não apenas em cidades.
Onde o vírus
está circulando?
De acordo a
OMS, o vírus já vinha circulando nos últimos anos pela África e pela Ásia,
principalmente no subcontinente indiano. Mais recentemente, foram identificados casos na Europa. Em
dezembro do ano passado, a doença chegou ao Caribe – a primeira ocorrência de
surto nas Américas. Até o momento, não existe registro de nenhum caso
transmitido dentro do Brasil.
O
chikungunya tem subtipos diferentes, como a dengue?
Diferentemente
da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa
é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue
não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas
parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.
Quais são os
sintomas?
Entre quatro
e oito dias após a picada do mosquito infectado, o paciente apresenta febre
repentina acompanhada de dores nas articulações. Outros sintomas, como dor de
cabeça, dor muscular, náusea e manchas avermelhadas na pele, fazem com que o
quadro seja parecido com o da dengue. A principal diferença são as intensas
dores articulares.
Em média, os
sintomas duram entre 10 e 15 dias, desaparecendo em seguida. Em alguns casos,
porém, as dores articulares podem permanecer por meses e até anos. De acordo
com a OMS, complicações graves são incomuns. Em casos mais raros, há relatos de
complicações cardíacas e neurológicas, principalmente em pacientes idosos. Com
frequência, os sintomas são tão brandos que a infecção não chega a ser
identificada, ou é erroneamente diagnosticada como dengue.
Segundo
Barbosa, é importante observar que o chikungunya é "muito menos severo que
a dengue, em termos de produzir casos graves e hospitalização".
Tem
tratamento?
Não há um
tratamento capaz de curar a infecção, nem vacinas voltadas para preveni-la. O
tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e analgésicos para aliviar os
sintomas. Se as dores articulares permanecerem por muito tempo e forem
dolorosas demais, uma opção terapêutica é o uso de corticoides.
De acordo
com Tauil, da SBI, os serviços de saúde brasileiros já estão preparados para
identificar a doença. "Provavelmente quem vai receber esses casos são
reumatologistas. Já escrevemos artigos voltados para esses profissionais,
orientando-os a ficar atentos a pessoas provenientes de áreas em que há
transmissão", diz o infectologista. Pessoas que apresentarem os sintomas
citados e estiverem voltando de áreas onde existe a transmissão do vírus, como
o Caribe, devem comunicar o médico.
Apesar de
haver poucos riscos de formas hemorrágicas da infecção por chikungunya,
recomenda-se evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina)
nos primeiros dias de sintomas, antes da obtenção do diagnóstico definitivo.
Como se
prevenir?
Sobre a
prevenção, valem as mesmas regras aplicadas à dengue: ela é feita por meio do
controle dos mosquitos que transmitem o vírus.
Portanto,
evitar água parada, que os insetos usam para se reproduzir, é a principal
medida. Em casos específicos de surtos, o uso de inseticidas e telas protetoras
nas janelas das casas também pode ser aconselhado.
Fonte: G1

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