A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem, em Fortaleza, a
operação 'Infância Digna', que cumpriu cinco mandados de busca e apreensão. Os
trabalhos tinham como objetivo apurar denúncias de divulgação de conteúdo
sexual envolvendo crianças e adolescentes que teria partido de computadores
localizados na Capital. Dois policiais militares estão entre os investigados.
De acordo com a chefe da Delegacia de Migração (Delemig), que
está interinamente respondendo também pela Delegacia Institucional (DelInst),
delegada Alexsandra Medeiros de Oliveira, as investigações partiram de
denúncias feitas por empresas de tecnologia e internet.
"Este trabalho está sendo desenvolvido há dois anos.
Recebemos denúncias do Google e do Facebook, informando que detectaram conteúdo
sexual envolvendo crianças e adolescentes. Eles nos mandaram a lista dessas
pessoas e solicitamos os dados dos IPs às empresas de telecomunicações. Fizemos
os levantamentos e solicitamos os mandados de busca à Justiça", disse.
Segundo Alexsandra, todos os mandados foram cumpridos e os
cinco suspeitos estiveram nos locais durante a ação policial.
"Fomos até as cinco residências indicadas e lá
apreendemos notebook, aparelho celular, máquina fotográfica, pen drive, HD
externo e vários cartões de memória com imagens e vídeos. Tudo será levado para
análise, para localizar os arquivos pornográficos", esclareceu.
Policiais
Os mandados foram cumpridos nas residências dos cinco
envolvidos, nos bairros Meireles, Rodolfo Teófilo, Bom Futuro e Conjunto Ceará.
Em duas das residências apontadas pelas investigações da
Polícia Federal, os agentes descobriram que moram dois policiais militares que
também serão investigados pelos crimes.
"Chamou a atenção o fato de que dois dos suspeitos
indicados são PMs. Eles moram sozinhos, o que dificulta alegar que, encontrando
algum arquivo nos aparelhos apreendidos, eles não sabiam da existência
daquilo", afirmou a delegada.
Alexsandra alegou, ainda, que as investigações poderão
identificar, inclusive, quem são as crianças que aparecem nas imagens
pornográficas denunciadas, caso sejam de fato confirmadas as suspeitas.
"Não sabemos se essas crianças que aparecem nas imagens
denunciadas pelas empresas são cearenses ou brasileiras. O material todo será
levado para análise e, após a perícia, será possível dizer algo ou até
identificá-las".
Na operação, ninguém foi preso. A delegada afirmou que ainda
é necessário a existência de mais provas para incriminar algum dos suspeitos.
"Ninguém foi detido pois nós cumprimos os mandados para
ver se localizávamos primeiro os arquivos informados na denúncia. Feito isso, o
material apreendido será levado para laudo pericial. Só então iremos interrogar
os suspeitos", alegou.
Ceará
A delegada informou que o Ceará ocupa lugar de destaque no
País quando se trata de apurar casos de pedofilia.
"O Ceará é o quarto maior Estado em termos de
investigação de pedofilia no Brasil. Neste momento, por exemplo, tenho 120
inquéritos em andamento, somente aqui em Fortaleza. A identificação dos
criminosos pode ser feita pelas pastas utilizadas no computador, pelos perfis
nas redes sociais ou até pelos e-mails recebidos e enviados", explicou
Alexsandra.
O crimes investigados, segundo a PF, são caracterizados por
"possuir, armazenar ou transmitir por qualquer meio, fotografia, vídeo ou
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente, além do uso da internet para transmitir esse
conteúdo". De acordo com a delegada, a ocorrência da pedofilia é
registrada "principalmente nas Capitais".
As penas para os condenados são de 1 a 4 anos e multa para
quem armazenar arquivos com conteúdo sexual envolvendo crianças e adolescentes;
de 2 a 4 anos para quem tiver posse destes arquivos; 3 a 6 anos e multa para
quem transmite os arquivos e de 4 a 8 anos e multa para quem produzir os
arquivos, seja filmando ou fotografando.
Fique por dentro
Denúncia partiu do Google e do Facebook
As duas empresas americanas Google e Facebook, gigantes da
internet, foram as responsáveis por dar início às investigações da Polícia Federal
que cumpriu mandados de busca e apreensão em Fortaleza.
De acordo com as corporações americanas, cinco IPs
fortalezenses eram apontados como fontes de origem de conteúdo sexual
envolvendo crianças e adolescentes.
As empresas enviaram as denúncias para a Polícia Federal de
São Paulo, em 2012. De lá, a denúncia chegou à Justiça paulista que, por sua
vez, encaminhou os dados e as informações acerca dos suspeitos, que residiam em
Fortaleza, para a Polícia Federal do Ceará.
O material chegou à PF cearense no começo do ano. Então,
foram solicitados os mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos na
manhã de ontem em quatro bairros da Capital, Até o fechamento desta edição,
ninguém havia sido preso
Levi de Freitas
Repórter
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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