Tímida
demais para fazer efeito, a recente implantação de um maior número de
ciclofaixas e passarelas em Fortaleza ainda não foi suficiente para reduzir a
vulnerabilidade de ciclistas e pedestres no trânsito. Embora as medidas sejam
válidas e importantes, ocorrências envolvendo os dois grupos continuam lotando
as emergências do Estado, em especial do Instituto Dr José Frota, especialista
em trauma na Capital. Somente entre janeiro e setembro desse ano, o hospital
recebeu, ao todo, 3.568 vítimas de atropelamentos e acidentes com bicicletas.
Um total de quase 400 atendimentos por mês, 13 a cada dia.
Devido ao
maior grau de desproteção, pedestres tornam-se o grupo mais frágil. Na unidade,
em nove meses, 2.324 atendimentos envolveram pessoas atropeladas por veículos
de diferentes portes. A média foi de oito acidentes diários. Já os ciclistas
representaram, em igual intervalo de tempo, 1.244 casos, cerca de 138
atendimentos realizados mensalmente.
Uma vez que
não há estatísticas sobre o mesmo período do ano passado - o IJF disponibiliza
apenas os dados de maio a dezembro de 2013 - não é possível calcular se houve
aumento ou redução do número de casos. No entanto, Alex Mont'Alverne, chefe das
equipes médicas do hospital, afirma que as ocorrências são frequentes e,
geralmente, chegam à unidade com alto nível de gravidade.
Segundo ele,
as pessoas que sofrem atropelamento têm perfis variados, desde idosos com
dificuldades de locomoção a crianças que são atingidas por veículos ao brincar
nas ruas. Dentre os ciclistas, os pacientes costumam ser jovens e adultos.
Mont'Alverne destaca que a grande maioria das ocorrências são causadas pela
imprudência dos motoristas, mas, em algumas situações, as próprias vítimas têm
responsabilidade pelo ocorrido. "Existe uma falta de educação de todos no
trânsito. Pedestres não atravessam nas faixas, ciclistas não andam nas ciclofaixas,
e em muitos locais isso nem existe. Mas quando existem, os motoristas não
respeitam", diz.
Conforme o
representante do IJF, o consumo de álcool está presente em grande parte dos
acidentes, tanto por parte de motoristas infratores quanto das pessoas
atingidas. "Vemos muitos homens que, embriagados, andam pela rua sem
controle ou tentam atravessar a rua sem condições. Alguns ciclistas também caem
sozinhos porque estão alcoolizados. Mas também existem situações do motorista
embriagado que sobe a calçada e fere pessoas que estão sentadas, andando ou no
ponto de ônibus", afirma.
Motocicletas
As colisões
entre pedestres e carros ainda são as mais comuns, mas os atropelamentos de
pessoas por motocicletas também vêm se tornando cada vez mais frequentes. Um
caso recente aconteceu no último mês de agosto, quando uma idosa de 66 anos
morreu ao ser atropelada por uma moto quando atravessava a BR-116, no bairro
Messejana. O condutor do veículo ficou ferido, mas conseguiu se recuperar.
"Algum
tempo atrás, a gente quase não via isso acontecer. Apesar de o impacto não ser
tão grande quanto o atropelamento por carros, as consequências também podem ser
graves. Principalmente em crianças, por causa da massa corporal", explica
Alex Mont'Alverne.
Quando não
leva ao óbito, os acidentes com pedestres e ciclistas podem ocasionar lesões
sérias, como politraumas e esmagamento de membros, e sequelas permanentes.
"A amputação, quando realizada a tempo, não é incompatível com a vida. Mas
quando a pessoa tem traumatismo craniano, que é comum, fica com sequelas
motoras ou neurológicas graves, a ponto de ficar permanentemente acamado. O
tempo de recuperação pode levar meses ", diz o médico.
NÚMERO
2.324 foi o
número de vítimas de atropelamentos atendidas pelo IJF de janeiro a setembro
desse ano Fonte Diário do Nordeste.
Devido ao maior grau de desproteção, os pedestres tornam-se o grupo mais frágil. A média registrada foi de oito acidentes diários com esse público
FOTO: KIKO SILVA
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