Após
executar o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, a Indonésia
deve executar neste ano mais um brasileiro pelo crime de tráfico de drogas.
Rodrigo Gularte, de 42 anos, que está no corredor da morte há cerca de dez
anos, tem seu fuzilamento previsto para fevereiro. Gularte foi preso em 2004
por tentar entrar no país com 6 kg de cocaína. Ele usou oito pranchas de surfe
para esconder 12 pacotes da droga.
O brasileiro
estava a caminho da ilha de Bali, acompanhado de dois amigos, mas assumiu
sozinho a autoria do crime de tráfico internacional de drogas. Em entrevista
neste sábado (17) à emissora GloboNews, a mãe do condenado, Clarisse Gularte,
afirmou que seu filho sofre de problemas mentais. Segundo reportagem do jornal
Gazeta do Povo, uma familiar do brasileiro vai entregar nos próximos dias às
autoridades indonésias um laudo médico que atesta um quadro de esquizofrenia em
Gularte.
O ministro da Justiça da Indonésia, Heru
Prasetyo, disse na sexta-feira (16) que as execuções planejadas para este
domingo mostram que o país não vai ceder na guerra contra as drogas. Ele
explicou que a execução de domingo seria a primeira do ano, disse que haveria
ainda um segundo grupo de executados em 2015 (no qual se encontra Gularte) e
que isso aconteceria provavelmente em fevereiro.
A única
forma de reverter a execução da pena de morte na Indonésia, após a condenação
pela Justiça, é por meio do perdão presidencial. Este recurso, no entanto,
dificilmente será adotado pelo atual presidente, Joko Widodo. Ele assumiu o
poder em outubro passado com uma plataforma política em que o rigor no combate
ao crime fazia parte das promessas de campanha. Na sexta-feira (16), após uma
semana de tentativas, Dilma conseguiu falar por telefone com Widodo para fazer
um apelo pessoal pelas vidas de Archer e Gulart, mas o pedido foi negado.
Segundo um comunicado do Palácio do Planalto,
o presidente indonésio disse que não poderia comutar a sentença de Moreira e
Gularte, porque "todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme a lei
indonésia, e aos brasileiros foi garantido o devido processo legal".
Tentativas de ao menos adiar a execução foram feitas também pela Anistia
Internacional, mas os planos esbarraram no apoio popular à pena de morte para
traficantes entre a população da Indonésia, que é de maioria muçulmana. Após o
fuzilamento de Moreira, a presidente Dilma emitiu comunicado se dizendo
‘indignada’ com a execução. Ela convocou o embaixador brasileiro em Jacarta
para consultas, uma atitude que é interpretada como um abalo das relações
diplomáticas. Segundo levantamento da Anistia Internacional, há 160 pessoas no
corredor da morte na Indonésia, dos quais 63 são estrangeiros de 18 países.
Além de
indonésios e do brasileiro, há condenados da Austrália, China, Estados Unidos,
França, Gana, Holanda, Indonésia, Índia, Irã, Malásia, Nepal, Nigéria,
Paquistão, Serra Leoa, Tailândia, Vietnã e Zimbábue. As principais condenações
foram por homicídio, terrorismo e, no caso dos estrangeiros, quase todas por
tráfico de drogas. As execuções por pena de morte, que não eram realizadas
desde 2008, voltaram a acontecer no país em 2013, quando cinco condenados foram
executados. Em 2014, não houve execuções. De acordo com o último levantamento
do Itamaraty, havia 3.209 brasileiros presos no exterior até o fim de
2013.
R7

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