O início do
ano sempre é um momento onde os brasileiros têm que arcar com várias despesas
extras, como o pagamento de impostos e a compra de material escolar. Porém, o
ano de 2015 começou com uma enxurrada de aumentos somados a estes gastos. Os
reajustes da gasolina, da conta de luz, da tarifa de ônibus, de alimentos,
crédito pessoal e produtos importados estão fazendo com que os consumidores se
desdobrem para conseguir organizar seu orçamento para bancar estas despesas.
A família de
Karine Laurindo, 38, foi afetada com praticamente todos os aumentos deste ano e
por isso ela decidiu voltar a trabalhar para conseguir com o seu marido pagar
os gastos da casa.
Em janeiro,
a auxiliar administrativa desembolsou 70% a mais na sua conta de energia
elétrica, comparando a média gasta no ano passado. "O consumo de energia
neste mês na minha casa foi o mesmo dos meses anteriores, a mesma faixa de
kilowatts. Eu liguei para a Coelce e a justificativa foi que devido à falta de
água houve um reajuste na minha conta. A bandeira está vermelha", explica.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a bandeira tarifária
para o mês de fevereiro de 2015 é vermelha. Para os consumidores, isso
significa um acréscimo de R$ 3 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
De acordo
com a previsão do Banco Central (BC), divulgada no fim de janeiro, a tarifa de
energia elétrica deverá sofrer um reajuste de 27,6% neste ano. O BC prevê
majoração de 9,3% nos preços administrados em 2015. Para 2016, a previsão é de
um crescimento menor (5,1%).
Gasolina
Ainda
segundo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada pelo BC, a
gasolina deve subir 8% neste ano. Nos postos da Capital cearense o valor para
cada litro do combustível chegou ontem a R$3,399 máxima e R$ 3,12 mínima, com
uma variação de 8,94% de um posto para outro.
Com um
veículo próprio, a alta no combustível também é sentida no bolso da família de
Karine que pagava em média R$ 60 por semana para abastecer seu carro e agora
gasta R$ 100.
Material
escolar
Ainda no
primeiro mês deste ano, a auxiliar administrativa desembolsou mais de R$ 2 mil
em material escolar para os dois filhos que estudam em um colégio particular de
Fortaleza.
As editoras
repassaram aos estabelecimentos livros didáticos com aumento de preço entre 6%
e 10% no mês de dezembro, de acordo com o secretário diretor do Sindicato do
Comércio Varejista de Livros do Ceará (Sindilivros), Clayton Lima. Já segundo o
levantamento da Fundação Getúlio Vargas, divulgado ontem, os gastos com
material escolar, livros, transporte, cursos e lanchonetes chegaram a 3,73%, de
acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de janeiro.
Outros
ajustes
Os
comerciantes cearenses ainda têm que lidar com outros aumentos, como a alta de
9,09% nas tarifas de ônibus urbanos que desde janeiro passaram de R$ 2,20 para
R$ 2,40 a inteira. O pão francês ou carioquinha que sofreu elevação de até 11%
no mês de fevereiro.
O ministro
da Fazenda, Joaquim Levy, ainda decretou alta do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) sobre o atacado de cosméticos, aumentando o valor da
pasta de dente, xampu, e outros produtos de uso diário dos consumidores.
Outra medida
de Levy foi o aumento do PIS e da Cofins sobre os produtos importados. Com alta
de 9,25% para 11,75% da alíquota em 2015.
IPTU e IPI
O IPTU e o
IPI também sofreram reajustes neste ano. O Imposto sobre a Propriedade Predial
e Territorial Urbana (IPTU) teve correção na maior parte dos casos de 6,46%. Já
o preço dos automóveis 1.0 devem subir 4,5% neste ano com o repasse integral do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.
Cortes nos
gastos
Para
conseguir adequar o orçamento da família de Karine aos novos valores das
despesas, eles tiveram que fazer alguns cortes, como evitar jantar fora, sair
de carro e deixar de malhar em uma academia. "Eu tenho 38 anos e estou me
sentindo muito cansada, eu tenho necessidade de fazer um exercício físico, mas
isso pode esperar", lamenta.
O pagamento
do IPTU e IPVA também foram comprometidos por causa dos gastos extras. A
família que sempre quitava em uma única fatura os impostos teve que parcelar os
tributos durante todo o ano de 2015.
Apesar de
todo o sacrifício que está passando, Karine é otimista em relação ao
crescimento da renda e profissional de sua família neste ano, mesmo se
acreditar na redução da inflação.
Quilo do pão
francês tem alta de até 11% na Capital
O
fortalezense está pagando mais caro para manter o pão francês, ou carioquinha,
na mesa a partir deste mês de fevereiro. Desde ontem (2), a maioria das
panificadoras da Capital reajustaram o preço do quilo do produto em até 11%. O
aumento, que já estava previsto desde o ano passado, é motivado, segundo
empresários do setor, por uma conjunção de fatores, a começar pelo aumento do
custo do trigo influenciado pela alta do dólar, elevação dos impostos, além do
encarecimento dos combustíveis, da energia e do gás.
De acordo
com o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no
Estado do Ceará (Sindpan-CE), Lauro Martins, a previsão é de um aumento médio
entre 8% e 10%. "Até janeiro, o preço médio do quilo do carioquinha, em
Fortaleza, variava entre R$ 8,50 e R$ 9,00. Com o reajuste os preços devem
ficar, em média, de R$ 9,00 a R$ 9,50, o quilo", calcula Martins.
Nas padarias
Proprietário
da Panetutte, localizada na Avenida Soriano Albuquerque, no bairro Joaquim
Távora, Lauro Martins informa que, em seu estabelecimento, o quilo do produto
passou de R$ 8,95 para R$ 9,59.
No bairro
Dionísio Torres, a panificadora Art Pão, do empresário Ellison Machado, está
com o valor do quilo do carioquinha um real mais caro. "O preço do quilo,
que custava R$ 8,98 e passou para R$ 9,98", informa o proprietário, que
garante que a alta nos preços foi inevitável devido ao encarecimento dos
insumos. Segundo ele, os clientes já esperavam o aumento e não reclamaram.
"Como foi acrescido R$ 1,00 no valor do quilo, o aumento percebido na
compra é pequeno, de centavos, e acaba não sendo tão sentido no bolso".
Estoque
segura aumento
Com lojas
nos bairros de Fátima, Pio XII e Parquelândia, a Panebox reajustará os preços
do pão somente na próxima semana, segundo o proprietário Ângelo Márcio.
"Ainda estamos trabalhando com o preço de R$ 9,89 por quilo, mas a partir
da próxima semana o valor deve ir para R$ 10,80. Seguramos o quanto pudemos,
mas com a elevação dos custos não dá mais para adiar o reajuste de preço",
diz.
Sem reajuste
Ainda sem
previsão de alta no valor do quilo do produto em suas quatro unidades -
localizadas nas avenidas 13 de Maio, Duque de Caxias, Francisco Sá e Tristão
Gonçalves -, a Padaria Romana mantém o preço do quilo do pão em R$ 9,90 e
informa que não há previsão de aumento. O mesmo ocorre na MontMarttre, situada
na Avenida Dom Luiz, no bairro Aldeota, onde o carioquinha é comercializado a
R$ 9,89, o quilo.
Na
panificadora Plaza, na Av. Santos Dumont, também Aldeota, o quilo do
carioquinha continua custando R$ 13,39 e ainda não é cogitado índice nem data
para aumento de preços.
Gastos
escolares sobem mais que IPC
Brasília. A
inflação referente aos gastos escolares aumentou o dobro da variação geral de
preços, conforme divulgou ontem a Fundação Getúlio Vargas. Apesar disso, a taxa
registrada em janeiro de 2015 foi menor que a do mesmo mês em 2014.
Enquanto o
Índice de Preços ao Consumidor (IPC) encerrou o mês de janeiro com variação de
1,51%, os gastos com material escolar, livros, transporte, cursos e lanchonetes
chegaram a 3,73%. Em janeiro do ano passado, o indicador somou 3,80%.
Maior
inflação
A maior
inflação foi registrada nos cursos formais, que incluem os ensinos fundamental,
médio e elementar, com 6,29% em janeiro. A alta foi menor que a registrada no
ano anterior, de 6,62%. Os cursos não formais, de inglês e informática, também
tiveram inflação menor, caindo de 2,82%, em janeiro do ano passado, para 1,79%
no primeiro mês deste ano.
O mesmo
comportamento foi registrado no transporte escolar, que teve inflação de 4,35%
no início do ano passado e de 3,28% este ano.
Reajuste
normal
Todos os
demais índices tiveram aumento da inflação. O material escolar registrou alta
de 1,88%, contra 0,90% do ano passado. Os livros didáticos ficaram com 1,81%,
contra 0,22% de janeiro de 2014. Os livros não didáticos também aumentaram, com
alta de 0,96%, enquanto, no início do ano passado, a inflação atingiu 0,12%.
Bares e lanchonetes foi outro item com variação acima de 2014, com alta de
1,30% em janeiro de 2015, 0,42 ponto percentual superior ao 0,88% registrado em
2014. Em 12 meses, os gastos escolares acumulam alta de 9,39%. Já a inflação
completa soma 6,87% no IPC da FGV. O item bares e lanchonetes teve a maior
variação total (11,17%), e os livros didáticos a menor em 12 meses ( 3,28%).
Diário do Nordeste
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
Leia Mais sobre o autor