A situação
hídrica do Ceará, com a perspectiva de um quarto ano seguido de seca, vem
preocupando cada vez mais setores da sociedade. Ontem, numa reunião a portas
fechadas do Ministério Público do Estado (MPCE) com representantes da Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e da Companhia de Água e Esgoto do
Ceará (Cagece), ligadas à Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), o Governo
revelou que oito municípios deverão ficar completamente sem água nos próximos
meses. Contudo, nenhum plano para reverter o quadro foi divulgado.
As cidades
são Ipaporanga, Itatira, Apuiarés, Jaguaretama, Urioca, Senador Sá, São Luís do
Curu e Parambu. A informação teria sido apresentada pela Cogerh durante o
encontro, mas só foi repassada à imprensa pelo MPCE. "A novidade foi essa
lista de municípios que em janeiro, fevereiro, março e abril vão, em tese,
ficar sem água, pela projeção da análise dos reservatórios de água e pelo
consumo", explicou o promotor de Justiça e assessor do Centro de Apoio ao
Meio Ambiente (Calmace), Amisterdan de Lima Ximenes.
A reunião,
na verdade, seria aberta à imprensa, convidada pelo MPCE a participar.
Entretanto, a pedido de representantes do Governo, os jornalistas foram
convidados a se retirar. A mesma situação tem acontecido com o Comitê Integrado
de Combate à Seca, que antes realizou as últimas duas audiências a portas
fechadas.
Apesar do
sigilo, o promotor de Justiça do MPCE se disse frustrado com a falta de
proposições dos órgãos governamentais. "Nós esperávamos a colocação da
situação, mas também a apresentação de propostas. Qual a projeção de novos
poços, em que localidades, quais as verbas disponibilizadas?", questionou.
Outra falta, segundo Ximenes, foi a falta de um plano de educação ambiental.
"Eu pensei que pelo menos isso trariam hoje. Tem que ter a conscientização,
principalmente na Região Metropolitana de Fortaleza", ressaltou.
Crateús
A região do
Estado mais afetada com a seca é o sertão de Crateús, onde os açudes estão, em
média, com 0,9% da capacidade. Em todo o Ceará, o volume atual é de 19,7% do
total. Dos 149 açudes administrados pela Cogerh, 128 estão com menos de 30% e
apenas um, o Gavião, tem mais de 90% de preenchimento.
Apesar da
situação, o presidente da companhia, João Lúcio de Farias, negou, após a
reunião, a necessidade de um racionamento. "Nós estamos ainda trabalhando
estes cenários, analisando todas as possibilidades, a questão dos usos",
disse. "Mas, por enquanto, a RMF tem uma reserva considerável e importante
para o Estado", completou.
Com relação
a Crateús, Farias afirmou que está em conclusão a construção de uma adutora que
irá abastecer a região através do Açude Araras. "Há uma previsão de
entregar essa adutora até o dia 10", garantiu.
O gestor da
Cogerh informou ainda que uma campanha de conscientização deverá ser anunciada
em breve pelo governador Camilo Santana.
Germano
Ribeiro
Repórter
FONTE Diário
do Nordeste.

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