A geração de
energia solar e desenvolvimento agrícola de culturas resistentes à seca poderão
ser duas medidas para a convivência com a Seca no Nordeste, como também a
geração de recursos para o desenvolvimento da região. Os dois temas foram
abordados durante reunião da Comissão externa que trata da estiagem na região
nesta quinta-feira (21).
O estado do
Ceará, com sol nos 365 dias do ano, só possui uma usina de energia solar
fotovoltaica, a de Tauá, a primeira do Estado com produção que não chega a 1,00
MW mês, mas com capacidade para produzir 50 MW. Tem ainda outro projeto em Russas,
que ainda não saiu do papel e projetos isolados, como condomínios e casas do
Minha Casa, Minha Vida, abastecidos pela energia do sol.
No encontro,
dois pesquisadores do governo foram ouvidos. Ao todo serão nove encontros que
resultarão em um relatório com as sugestões de técnicos e representantes de
municípios e da sociedade civil para servir como parâmetro para os
investimentos na região.
Parlamentares
e especialistas ouvidos nesta quinta-feira pela comissão foram unânimes ao
afirmar que o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis na região
pode amenizar o sofrimento da população com a estiagem. Todos concordam que a
seca não se combate – uma vez que é efeito da falta de chuvas e já é parte do
clima regional. Ao contrário, se convive com ela, especialmente em um local
onde vivem 22 milhões de pessoas – ou 12% da população nacional.
Uma das
possibilidades para a criação de emprego e renda nos municípios do semiárido
seria o aproveitamento do potencial solar da região para geração de energia. A
sugestão foi apresentada pelo pesquisador Paulo Nobre, do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação. “Eu vejo o Nordeste, no futuro, como um enorme
produtor e exportador de energia. É uma energia eterna, que é a energia do sol.
Ela pode ser aplicada tanto em grandes centrais como em cada telhado”, afirmou
Nobre. “De forma que o recurso possa ser usado para trazer água em tubo, não
água evaporando em canais abertos, e escolas para as novas gerações.”
Já o pesquisador do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) Guilherme Resende recomendou uma avaliação das
políticas públicas atualmente voltadas para o semiárido. Entre outros
programas, a região é hoje beneficiária de pelo menos 50% dos recursos do Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Na maior parte das vezes, no
entanto, os recursos que chegam estão bem abaixo do limite estabelecido.
Ele acredita
que o semiárido é solo fértil para o desenvolvimento de culturas agrícolas
resistentes à seca ou irrigáveis, como as existentes em países como Estados
Unidos, México e Israel. “Crises climáticas periódicas ocorrem em várias partes
do mundo, prejudicando a agricultura. No entanto, só se transforma em flagelo
social quando se depara com condições socioeconômicas precárias, como as do Nordeste”,
disse Guilherme Resende.
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
Leia Mais sobre o autor