Os acordos de negociação salarial firmados em
junho tiveram reajuste médio de 7,7% e não foram capazes de repor a inflação
acumulada em 12 meses. Com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em
8,8%, os trabalhadores brasileiros com carteira assinada tiveram, em termos
reais, uma perda média de 1% nos rendimentos.
Os dados
integram o levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)
com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “É um quadro
bastante diferente do observado nos anos anteriores, quando (os trabalhadores)
acumularam aumentos reais”, diz o boletim.
Em abril, os
salários já haviam encolhido 0,6%, descontada a inflação. “Redução real não
ocorria desde a crise de 2008 e 2009”, afirmou o coordenador da pesquisa e
responsável pelo site salários.org.br, Hélio Zylberstajn.
Esses dois
casos, de reajustes perdendo para a inflação, são consequência da escalada do
INPC para níveis acima dos 7% a partir dos primeiros meses de 2015. Desde maio
de 2013, os reajustes médios variaram entre 7% e 9%, o que garantia, conforme
destaca a Fipe, aumentos reais médios de 1,5 a 2,0 pontos porcentuais.
Além da alta
da inflação, o comportamento mais fraco dos salários passa pelo ajuste em
andamento na economia. “Uma política monetária e fiscal contracionista é uma
forma de combater a inflação e, portanto, os ajustes salariais também tendem a
ser mais modestos”, afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
Na avaliação dela, o comportamento mais fraco do salário pode ser benéfico
neste momento de recessão porque leva as empresas a demitirem menos. “Se os
salários forem flexíveis, menos empresas vão ter de demitir.”
Setores
Na análise
dos dados do sistema Mediador, do MTE, por setor de atividade, a Fipe detectou
que os trabalhadores celetistas da administração pública aparecem como os que tiveram
o maior ganho médio nos 12 meses encerrados em junho de 2015, com aumentos de
2,7%, já descontada a inflação. Em seguida, aparecem os segmentos de limpeza
urbana e asseio (2,3%), condomínios e edifícios (2,2%) e estacionamentos e
garagens (2%). Os trabalhadores com carteira assinada de bancos e serviços
financeiros aparecem em quinto lugar, com um ganho médio real de 1,8%.
Na outra
ponta, o setor do agronegócio da cana foi o único a registrar perda real nos
reajustes médios dos últimos 12 meses até junho, com queda de 0,6%. Em
penúltimo lugar, aparecem as empresas jornalísticas, em que o ganho real foi
nulo, sendo os reajustes apenas suficientes para compensar a inflação. Os
segmentos com menores ganhos reais médios foram de extração e refino de petróleo
(0,2%), educação e formação profissional (0 3%) e indústrias extrativas (0,4%).
No recorte
geográfico, os cinco Estados com reajustes reais mais significativos foram
Sergipe (1,42%), Ceará (1,41%), São Paulo (1,40%), Paraná (1,37%) e Alagoas
(1,36%). Na outra ponta, reajustes no Acre (-0,22%) e no Amapá (-0,16%)
impuseram perdas reais aos contratados com carteira assinada. Em seguida,
aparecem Goiás com ganho médio de 0,37% acima da inflação, e Tocantins e
Roraima, com 0,62%.
Na avaliação
do diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, os próximos
meses deverão ser de agravamento no mercado de trabalho com piora no emprego e
na renda. “O que incomoda é que ainda não é possível visualizar uma retomada do
País.”
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Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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