Dois novos
casos, registrados na semana passada, levaram à denúncia de problema nos
estoques
Russas. Uma
mulher deste município morreu, no dia 13 passado, devido à falta de soro
antiofídico, utilizado para tratar picada de serpente. O fato se deu por não
haver o tratamento no Hospital Polo de Russas. A denúncia foi feita por meio da
ferramenta VC Repórter, do Diário do Nordeste, após outros dois pacientes do
Município de Jaguaretama, que integram a mesma Regional, também precisarem do
soro, durante a semana passada. A Administração do Hospital informou que não há
estoque do soro no momento.
A mulher, de
37 anos, natural do Município de Russas e residente na localidade de Timbaúba
de Nossa Senhora das Dores, zona rural, deu entrada no Hospital e Casa de Saúde
de Russas, unidade de referência da 9ª Coordenadoria Regionais de Saúde (Cres),
às 19h do dia 11 de julho, após ter sido picada por uma cobra jararaca ao
entrar em sua casa. O incidente havia ocorrido meia-hora antes.
De acordo
com a enfermeira-chefe de Epidemiologia do Hospital, Telma Cordeiro, as
primeiras informações coletadas com a paciente foram sobre o tempo em que
ocorreu a picada, o tamanho da cobra e o local. "Essas informações são
fundamentais para as etapas do procedimento. Assim podemos analisar a gravidade
da situação", ressaltou.
No caso em
questão, a enfermeira disse que se tratava de uma cobra adulta e que, pela
forma da picada, profunda, havia mais chances de o veneno se espalhar
rapidamente, o que agravaria o caso. Após análise dos sinais vitais e feitos os
exames necessários, a paciente precisou ser encaminhada para Fortaleza, por não
haver no hospital estoque do soro.
Má sorte
"A má
sorte dela foi que, no momento, além de não haver estoque do soro, não havia
aqui um técnico para que a paciente fosse encaminhada de vaga zero (medida
adotada quando há demora na regulação do paciente junto à central de saúde). A
Central só liberou a vaga às 2h da manhã, depois disso ela só conseguiu ser
transferida às 4h da manhã do dia 12 para Fortaleza na ambulância do Serviço de
Atendimento Movél de Urgência (Samu). Ela veio a óbito no dia seguinte",
contou a enfermeira, ressaltando que a demora contribuiu para o agravamento do
caso. "Se tivéssemos o soro na unidade, teríamos aplicado de imediato e
teríamos tido mais tempo", enfatizou.
Após a morte
da paciente, Telma conta que cinco ampolas do soro foram encaminhadas para o
Hospital, número considerado por ela insuficiente, quando, no mínimo, deveria
ter 15. Na última sexta-feira, dia 24, outros dois rapazes, do município de
Jaguaretama, também foram encaminhados para Fortaleza após sofrerem picada de
cobra. A dosagem disponível foi utilizada em apenas um paciente, que mesmo
assim precisou ser encaminhado.
Como medida,
Telma conta que informou a situação para a Coordenadora da 9ª Regional de Saúde
e que informou aos diretores dos hospitais de Jaguaretama, Jaguaruana, Morada
Nova e Palhano, que integram a regional, que, em casos de incidentes com
serpentes, os pacientes sejam encaminhados diretamente para a capital cearense.
"A Secretaria ficou de mandar mais cinco ampolas hoje (27), o que ainda
não chegou. Se uma pessoa for picada por uma cobra agora, nós não temos como
fazer o tratamento", alertou.
Temporada
A
preocupação da enfermeira se dá pelo fato de até o próximo mês de setembro ser
a temporada em que ocorrem mais incidentes com cobras. De acordo com dados do
Ministério da Saúde (MS), de 2000 a 2013, foram registrados, no Ceará 8.580
casos de acidentes por serpentes, o que representa 5,3 casos para cada 100 mil
habitantes. Destes, 34 vieram a óbito. Na Capital, o soro é encontrado no Centro
de Assistência Toxicológica (Ceatox) que funciona no Instituto Doutor José
Frota (IJF).
Por meio de
sua Assessoria de Comunicação, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informou
que não há falta de soro antiofídico na Coordenadoria de Assistência Farmacêutica
(Coasf), responsável pela distribuição do medicamento para as coordenadorias
regionais.
Acrescentou,
também, que a Cres de Russas só tomou conhecimento do acidente várias horas
depois da ocorrência, já para fazer a regulação da paciente e que a Secretaria
da Saúde está investigando por qual motivo a Cres de Russas não foi acionada
imediatamente após o atendimento da paciente, a tempo de providenciar o envio
do soro para o hospital.
Mais
Informações:
Hospital e
Casa de Saúde de Russas
Rua Dr. José
Ramalho, 1436
Telefone:
(88) 3411-0147
Secretaria
da Saúde do Estado do Ceará (Sesa)
Av.
Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema - Fortaleza
Telefone:
(85) 3101-5123
Amaury
Alencar
Colaborador

Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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