Um
depoimento de um gerente do Banco do Nordeste (BNB) à Polícia Federal, em
Fortaleza, revela que pelo menos 280 empréstimos com recursos do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram fraudados na
agência de Limoeiro do Norte. De acordo com o servidor, o benefício vinha sendo
liberado indevidamente pelo ex-gerente geral da unidade para clientes que não
eram produtores rurais de baixa renda e, consequentemente, não tinham direito
ao crédito. A PF e uma auditoria interna comprovaram que “motoqueiros,
frentistas, professores municipais e taxistas” receberam ilegalmente os
recursos públicos. O POVO apurou que banco teria sido lesado em mais de R$ 80
milhões entre 2010 e 2011.
As fraudes,
segundo detalhou o gerente, eram feitas com a utilização indevida da senha dele
e dos códigos de acesso de dois servidores do BNB. A ilegalidade era autorizada
pelo ex-gerente geral da agência de Limoeiro do Norte. No esquema trabalhavam
também uma funcionária contratada pelo banco, três terceirizados e dois
gerentes de negócios.
As senhas
para a “contratação e liberação” dos financiamentos ilegais do Pronaf chegaram
a ser utilizadas também durante “finais de semana e férias” do gerente que denunciou
o crime. O trabalho extra, durante os sábados e domingos, foi adotado pelo
ex-gerente geral de Limoeiro do Norte por causa “do grande volume de projetos
que passaram a chegar na agência”, diz o denunciante em depoimento.
Para as
fraudes se viabilizarem, vários procedimentos obrigatórios burocráticos foram
violados pelo ex-gerente geral do BNB em Limoeiro do Norte. Na maior parte dos
pedidos de financiamento, segundo o gerente denunciante, não foi exigida a
presença de quem pleiteava o crédito na agência bancária. Bastava os
“sindicatos dos trabalhadores rurais e sindicato dos trabalhadores da
agricultura familiar o município de Tabuleiro (do Norte) e de outros
(municípios)” arregimentarem os falsos clientes.
As propostas
“eram levadas aos pacotes” e sempre por dois projetistas que representavam os
sindicatos denunciados na região do Jaguaribe. E, muitas vezes, na companhia do
“vice-prefeito de Tabuleiro do Norte”. De acordo com o gerente, “eram caixas de
projetos feitos para beneficiar público que não era alvo do Pronaf”, garantiu
em depoimento. O ex-gerente da agência de Limoeiro do Norte também aprovou
projetos de financiamentos que apresentavam assinaturas falsas.
Foi apurado
pelo Jornal O Povo que o desvio do dinheiro do Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar também está comprovado nos municípios de Jaguaribe (que
teria esquema com a agência Bezerra de Menezes, em Fortaleza), Quixadá,
Baturité, Brejo Santo, Iguatu, Russas, Morada Nova, Quixeré e Iracema.
O Povo
entrou em contato com o gerente do Pronaf de Limoeiro do Norte que fez as
denúncias à Polícia Federal, no final do ano passado. No entanto, ele pediu
para não se pronunciar sobre o assunto. O gerente de Negócios da agência
Centro, de Fortaleza, Fred Elias de Sousa, foi quem o convenceu a contar sobre
a corrupção no Interior do Estado.
Os nomes
envolvidos nas fraudes de Limoeiro do Norte ainda não foram revelados pelo O
POVO, porque o inquérito na PF está sob segredo de justiça.
Onde
ENTENDA A
NOTÍCIA
As denúncias
de corrupção no Banco do Nordeste (BNB) estão sendo investigadas pela
Controladoria Geral da União, Procuradoria da República no Ceará, Ministério
Público Estadual e Polícia Federal. Além disso, há algumas auditorias
realizadas pelo próprio BNB.
O Povo Online
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
Leia Mais sobre o autor