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4 de setembro de 2015

"Monumento histórico de 1816 se mantém de pé graças a força de um jovem Senhor, na cidade de Iracema-CE"

Entrevista ao senhor Jaime Enésio Macedo, 91 anos de idade, casado a mais de 69 anos com Dona Francisca Nanci de Magalhães Macedo, sobre o Monumento Histórico: Cruz erguida por Frei Vidal da Penha em 1816.

O antigo cruzeiro (cruz simbólica e religiosa) foi edificado aqui em nossa cidade através de uma missão católica pelo Frei Vidal da Penha no ano de 1816 – atualmente a cruz fica localizada ao lado da Prefeitura Municipal, na rua Gervásio Holanda Guerra.  Frei Vidal começou sua peregrinação em Pereiro, passou também por tabuleiro, deixou uma cruz na saída de Russas e outra em Aracati, sendo o último local de sua missão, e assim a cruz símbolo de sua jornada também foi erguida aqui em nossa cidade de Iracema, antes chamada de Caixa-Sol, com mais ou menos 100 habitantes naquele tempo. Frei Vidal da Penha vinha catequizar, hoje chamamos evangelizar, o Nordeste. As cruzes erguidas nessas cidades e comunidades tinham iniciativa do Frei Vidal que junto ao povo dessas comunidades, e o sentimento religioso de cada um dessas comunidades, erguia as cruzes para a veneração e devoção. Como diz Dona Francisca Nanci: “E ainda hoje passo lá, posso ir correndo, mas eu me ajoelho e rezo nem que seja uma ave-maria.”

Com o passar do tempo a madeira da cruz foi se decompondo, já estava caindo e com o vento balançava. Então, através da ação voluntária do Senhor Jaime Enésio, e sua esposa, Dona Francisca Nanci, e o senhor Donizete (subgerente do Banco do Brasil) com o pensamento de guardar e preservar aquele bem cultural e religioso para as próximas gerações tomaram a iniciativa certa e honrosa de restaurar aquele patrimônio cultural de nossa cidade. E na primeira restauração, pois até hoje já foram 3 restaurações, o Senhor Jaime e os outros que restauraram a cruz tiveram uma grande surpresa: quando a cruz foi arrancada, para que fosse feita a restauração, havia uma garrafa com manuscritos dentro, enterrada no “pé” da cruz, antigo cruzeiro de nossa cidade. Atualmente esse manuscrito se encontra no mesmo local por motivos de respeito e mantimento do bem. A cruz original de 1816 está por dentro de uma espécie de capa protetora. (veja nas imagens)

O senhor Jaime, com 91 anos de idade, afirma com total convicção que “enquanto for vivo lutará para que ela fique de pé” (a cruz), assim diz. Até os dias de hoje muitas pessoas vão ao local com sua fé e devoção em Cristo, muitos realizando promessas e satisfeitos com a permanência da Cruz que já foi o cruzeiro de nossa cidade. Ele, apesar da idade, nos fala tudo nos mínimos detalhes e nos conta também que vivenciou, aqui em nossa cidade, o tempo do algodão. “Nós somos pioneiros na história do algodão, através da cooperativa de Iracema, fui eleito presidente da cooperativa”, afirma o Senhor Jaime em suas palavras. Cooperativa essa fundada em 17 de dezembro de 1967, com 170 associados. Até hoje essa cooperativa existe em nossa cidade, mas o algodão já não fazia mais parte, não tinha mais produção, desde 1995, tendo como principal motivo de parada a praga besouro bicudo, chegado ao Brasil em 1985 vindo dos Estados Unidos da América (EUA).

E assim, encerramos mais uma matéria para você querido (a) leitor(a), com a satisfação de saber que ainda existem pessoas que zelam e cuidam de um patrimônio cultural tão valioso de nossa querida terra, de nossa querida Iracema.

Igor Melo e o Repórter Francisco Filho, do Jornal Folha Serrana
                                               Fotos: Francisco Filho










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