Entrevista ao senhor Jaime Enésio
Macedo, 91 anos de idade, casado a mais de 69 anos com Dona Francisca Nanci de
Magalhães Macedo, sobre o Monumento Histórico: Cruz erguida por Frei Vidal da
Penha em 1816.
O antigo cruzeiro (cruz simbólica e
religiosa) foi edificado aqui em nossa cidade através de uma missão católica
pelo Frei Vidal da Penha no ano de 1816 – atualmente a cruz fica localizada ao
lado da Prefeitura Municipal, na rua Gervásio Holanda Guerra. Frei Vidal começou sua peregrinação em
Pereiro, passou também por tabuleiro, deixou uma cruz na saída de Russas e
outra em Aracati, sendo o último local de sua missão, e assim a cruz símbolo de
sua jornada também foi erguida aqui em nossa cidade de Iracema, antes chamada
de Caixa-Sol, com mais ou menos 100 habitantes naquele tempo. Frei Vidal da
Penha vinha catequizar, hoje chamamos evangelizar, o Nordeste. As cruzes
erguidas nessas cidades e comunidades tinham iniciativa do Frei Vidal que junto
ao povo dessas comunidades, e o sentimento religioso de cada um dessas
comunidades, erguia as cruzes para a veneração e devoção. Como diz Dona
Francisca Nanci: “E ainda hoje passo lá, posso ir correndo, mas eu me ajoelho e
rezo nem que seja uma ave-maria.”
Com o passar do tempo a madeira da
cruz foi se decompondo, já estava caindo e com o vento balançava. Então,
através da ação voluntária do Senhor Jaime Enésio, e sua esposa, Dona Francisca
Nanci, e o senhor Donizete (subgerente do Banco do Brasil) com o pensamento de
guardar e preservar aquele bem cultural e religioso para as próximas gerações
tomaram a iniciativa certa e honrosa de restaurar aquele patrimônio cultural de
nossa cidade. E na primeira restauração, pois até hoje já foram 3 restaurações,
o Senhor Jaime e os outros que restauraram a cruz tiveram uma grande surpresa:
quando a cruz foi arrancada, para que fosse feita a restauração, havia uma
garrafa com manuscritos dentro, enterrada no “pé” da cruz, antigo cruzeiro de
nossa cidade. Atualmente esse manuscrito se encontra no mesmo local por motivos
de respeito e mantimento do bem. A cruz original de 1816 está por dentro de uma
espécie de capa protetora. (veja nas imagens)
O senhor Jaime, com 91 anos de idade,
afirma com total convicção que “enquanto for vivo lutará para que ela fique de
pé” (a cruz), assim diz. Até os dias de hoje muitas pessoas vão ao local com
sua fé e devoção em Cristo, muitos realizando promessas e satisfeitos com a
permanência da Cruz que já foi o cruzeiro de nossa cidade. Ele, apesar da
idade, nos fala tudo nos mínimos detalhes e nos conta também que vivenciou,
aqui em nossa cidade, o tempo do algodão. “Nós somos pioneiros na história do
algodão, através da cooperativa de Iracema, fui eleito presidente da
cooperativa”, afirma o Senhor Jaime em suas palavras. Cooperativa essa fundada
em 17 de dezembro de 1967, com 170 associados. Até hoje essa cooperativa existe
em nossa cidade, mas o algodão já não fazia mais parte, não tinha mais
produção, desde 1995, tendo como principal motivo de parada a praga besouro
bicudo, chegado ao Brasil em 1985 vindo dos Estados Unidos da América (EUA).
E assim, encerramos mais uma matéria
para você querido (a) leitor(a), com a satisfação de saber que ainda existem
pessoas que zelam e cuidam de um patrimônio cultural tão valioso de nossa
querida terra, de nossa querida Iracema.
Igor Melo e o Repórter Francisco
Filho, do Jornal Folha Serrana
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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