O relator do
Orçamento de 2016 no Congresso, deputado Ricardo Barros (PP-PR), oficializou
nesta sexta-feira (11) a proposta de incluir no relatório final sobre o tema um
corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família como medida para cumprir a meta do
governo de superávit (receitas menos despesas) de 0,7% do PIB no ano que vem.
Barros
informou que vai apresentar seu relatório até a próxima terça-feira (15).
Depois disso, ele precisa ser aprovado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) e
pelo plenário do Congresso.
Segundo o
relator, o corte de R$ 10 bilhões vai atingir cerca de 23 milhões de pessoas.
Esse corte
equivale a 35% do total do orçamento para o programa no ano que vem. Para
justificar a medida, Barros disse que o Bolsa Família apresenta “deficiências”,
entre elas casos de fraudes investigados por órgão de controle.
“Nós
entendemos que o Bolsa Família pode contribuir também na medida em que
auditorias
da Controladoria-Geral da União apresentaram deficiências na gestão do
programa”, disse o deputado.
“Não haverá
prejuízo a nenhuma para as pessoas que estão enquadradas na lei. É uma questão
de melhoria de gestão”, completou ele.
O líder do
governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Paulo Pimenta (PT-RS),
divulgou uma nota em que critica o corte no orçamento do Bolsa Família.
No texto,
Pimenta sugere, como alternativa ao corte, que a meta fiscal seja reduzida ou
zerada e que o relatório inclua a previsão de que os investimentos no Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC) sejam abatidos da meta.
"Essas
duas alternativas podem ser feitas de forma conjunta. Além disso, vamos buscar
no Orçamento alguma ação que possa ter recursos reduzidos", diz a nota.
"Não é
razoável criar uma meta inexequível que vai asfixiar a capacidade de
investimento e as ações prioritárias do governo. É preciso encontrar o
equilíbrio fiscal, sim, mas fazer isso com crescimento e evitando a recessão e
o desempregou", concluiu o deputado.
Detalhamento
do corte
Para chegar
ao corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família, a proposta prevê que as famílias
com renda per capita entre R$ 154 e R$ 394 (meio salário mínimo), beneficiadas
pela regra de permanência no programa, deixem de receber o benefício. Essa
medida responde por R$ 2,5 bilhões do corte.
Outros R$
2,5 bilhões vêm de famílias que terão o benefício cancelado por possuírem renda
superior ao teto fixado pelo programa. A proposta prevê ainda a economia de R$ 2
bilhões com benefícios que deixarão de ser sacados e R$ 1,4 bilhão com previsão
de famílias que devem sair, por conta própria, o programa.
CORTES
PREVISTOS NO ORÇAMENTO DE 2016
R$ 10
bilhões
Bolsa
Família
R$ 1,84
bilhão
Repasse à
Previdência por desonareção da folha
R$ 320
milhões
Auxílio
recluso
R$ 80
milhões
Auxílio
moradia
R$ 12,2
bilhões
Corte total
previsto
Em outubro,
Ricardo Barros já havia anunciado que iria propor um corte de R$ 10 bilhões no
programa no Orçamento de 2016. Principal bandeira dos governos do PT, o
programa prevê repasses mensais de recursos para famílias de baixa renda.
Depois, o
ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou que havia
condições de o governo fechar o Orçamento de 2016 sem cortar R$ 10 bilhões do
Bolsa Família.
A própria
presidente Dilma Rousseff criticou, por meio de sua conta no microblog Twitter,
a possibilidade de reduzir o orçamento do programa no próximo ano. Para Dilma,
isso seria "atentar contra 50 milhões de brasileiros".
Orçamento de
2016
No dia 3 de
dezembro, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou o
relatório preliminar do Orçamento de 2016. Quando foi aprovado, o relatório
preliminar ainda não previa a proposta de corte no Bolsa Família. Hoje,
portanto, Barros oficializou a inclusão.
O relatório
preliminar inclui ainda a previsão de arrecadação de R$ 10 bilhões com a volta
da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF).
A recriação do tributo, porém, ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.
Ricardo
Barros argumentou que os cortes são necessários para que o relatório final do
Orçamento preveja uma meta de superávit de R$ 34,4 bilhões no próximo ano, o
equivalente a 0,7% do PIB - assunto que tem gerado discussões dentro do governo
federal.
"Entregarei
o relatório com a meta de superávit de 34,4 [bilhões de reais] estabelecido e
esses cortes, por mais duro que sejam, são necessários. A arrecadação está
muito abaixo do esperando, então entendemos que é necessário fazer esses
cortes. Eu já sei que vai ter muita reclamação dele [...]. Isso é uma solução
adequada e o importante é que a gente informe aos brasileiros que vamos ter o
orçamento equilibrado", afirmou o deputado.
Outros
cortes
Os cortes a
serem incluídos no relatório que foram anunciados nesta sexta por Ricardo
Barros somam R$ 12,2 bilhões. Além do Bolsa Família, o deputado também prevê
redução de despesas com auxílio-reclusão, com auxílio moradia e com a
compensação que o governo federal tem de pagar por promover a desoneração da
folha de pagamento.
O deputado
informou que reduziu em R$ 1,84 bilhão a previsão da verba que a União terá de
pagar à Previdência em 2016 para compensar a desoneração da folha de pagamento.
Segundo ele, esse corte foi possível devido à desaceleração da economia, que
reduz o faturamento das empresas. "Estou reduzindo porque a previsão de
faturamento das empresas está caindo. O governo paga a diferença do que elas
deveriam pagar", explicou.
Outros R$
320 milhões foram cortados do auxílio-reclusão, que é um benefício pago aos
dependentes de um segurado do INSS preso em regime fechado ou semiaberto. Esse
corte depende, entretanto, da aprovação de um projeto do próprio deputado
Ricardo Barros, que muda as regras de pagamento.
Pelo
projeto, o preso que tinha carteira assinada receberá o benefício de acordo com
as regras do seguro-desemprego, que tem prazo para terminar. Pelas regras de
hoje, não há prazo. "Ele vai ficar com seguro desemprego como qualquer
outro trabalhador, na mesma regra de quem não foi pra cadeia e ficou
desempregado", explicou.
Também
haverá, de acordo com o relator, um corte de 80 milhões no pagamento de auxílio
moradia. Além do corte de R$ 12,2 bi o relatório também propõe remanejamento de
R$ 4,3 bilhões, para recompor verbas da saúde e de educação.
G1
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