Senador
Pompeu. Ambientalistas estão discutindo com a população e as autoridades acerca
da possibilidade de um colapso no abastecimento de água neste município do
Centro do Estado. A preocupação foi levada à sessão ordinária da Câmara de
Vereadores local e uma campanha de conscientização foi iniciada na cidade. O
Açude Patu corre risco de secar.
A discussão
surgiu na cidade quando a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
anunciou o aumento da vazão da válvula de dispersão do Açude Patu, principal
fonte de abastecimento urbano local, de 150 litros/segundo para 250 l/s.
Todavia, de acordo como o engenheiro agrônomo e ambientalista Deodato Aquino, a
vazão liberada está sendo de 350 l/s, muito acima dos números definidos na
última reunião do comitê regional da bacia hídrica do Banabuiú. Ele e outros
ambientalistas denunciaram o caso na Ouvidoria da Cogerh.
Ainda de
acordo com Adeodato Aquino, a denúncia é fundamentada em documentos obtidos
após a segunda reunião da Cogerh no dia 12 passado. O repórter Walter Lima e o
ambientalista Reginaldo Araújo fizeram os levantamentos no final da reunião,
que contou com participação de instituições públicas, lideranças comunitárias,
irrigantes, pescadores, políticos de Senador Pompeu e Quixeramobim. Haviam
firmado o acordo de liberar da válvula do açude Patu a vazão constante de 250
l/s durante três meses. No entanto, segundo eles após a reunião, a Cogerh
encaminhou um ofício para o Dnocs, determinando a liberação dos 350 l/s. A
alteração passa por cima da deliberação da reunião.
Com base nos
últimos fatos e nos estudos realizados por Deodato Aquino, especialista em
analise de recursos hídricos, a situação é ainda mais alarmante.
"Atualmente, o reservatório Patu está com aproximadamente 19,7 milhões de
metros cúbicos, equivalendo a 28% da sua capacidade. Entretanto, em apenas um
ano, de agosto de 2013 a agosto de 2014, o açude perdeu cerca de 17 milhões de
m. O mais preocupante é que esse volume atual do reservatório, estabelecido
pela Cogerh, não existe mais, pois já se passaram 30 anos desde a construção, e
a erosão proveniente das chuvas tem acarretado o assoreamento do manancial,
possivelmente este se encontra bastante aterrado", enfatizou.
Em nome da
Cogerh, o coordenador técnico do escritório da sub-bacia do Banabuiú, Luís
César Pimentel da Silva, confirmou a liberação de 350 l/s, todavia informou ter
ocorrido apenas pelo período de 15 dias, para atender comunidades ribeirinhas
do rio Patu, inclusive no município de Quixeramobim.
Sobre os
riscos de colapso dos recursos hídricos do Patu, o técnico explicou estarem
sendo adotados todos os cuidados necessários. A vazão liberada está sendo constantemente
controlada. Acerca das medidas adotadas, são decididas pelos membros da
Comissão Gestora do açude, formada por representantes públicos e usuários. A
Cogerh realiza as operações conforme decididas nos encontros.
Alex
Pimentel
Colaborador
O reservatório corre o risco de secar, com a liberação de 350 litros de água por segundo, quando o acordo era para somente 250 l/s
FOTO: ALEX PIMENTEL
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