A Polícia
investiga imagens entregues à Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará
(OAB-CE), em que um preso é vestido de mulher e posto para dançar dentro da
Delegacia da cidade de Canindé, a 115 km de Fortaleza. As informações são da TV
Verdes Mares.
Nas imagens,
o homem aparece com o rosto machucado, além de estar com os cabelos e as
sobrancelhas raspadas. Uma voz diz "Bote a mãozinha, dance, vai. Você está
se balançando, é pra dançar". Na sequência, alguém coloca um pequeno
objeto próximo ao homem, enquanto a voz ordena para que o preso dance.
"Fica na garrafa", manda
O homem, de
identidade preservada, responde a processo por participação no homicídio de uma
mulher e , segundo representantes da OAB, chegou a tentar suicídio na prisão
por causa das humilhações sofridas.
Os
representantes da OAB ouviram o preso e constataram que houve prejuízo
psicológico ao homem por conta das ações. "Constatamos que realmente houve
o dano à pessoa do preso, que se sente absolutamente constrangido em
disponibilizar as informações, mas existem provas materiais da gravidade do
problema", afirmou a ouvidora da OAB, Wanha Rocha.
A Polícia
Civil instaurou inquérito e irá investigar os envolvidos na tortura ao preso. O
aparelho celular que teria sido utilizado para gravar o vídeo foi apreendido em
uma das celas.
A Delegacia
é localizada ao lado da cadeia pública da cidade e foi interditada no mês de
abril, sendo proibido o ingresso de presos. No local, 34 homens dividem duas
celas da Delegacia.
O diretor da
Comissão de Direito Penitenciário da OAB, Carlos Alberto Macedo, esteve na
Delegacia e constatou que há presos há mais de um ano recolhidos nos xadrezes.
"A passagem do preso pela Delegacia tem que ser momentânea. A Delegacia de
Polícia Civil é Judiciária. O trabalho dela é de investigação. Não tem
competência constitucional nem legal para cuidar de preso", afirmou
Delegado
acusa outros detentos
O homem que
foi torturado dentro da Delegacia, de acordo com o delegado titular Amando
Albuquerque Silva, teria sofrido a violência por ser suspeito de crime de
estupro. Segundo Silva, os outros presos realizaram a ação e gravaram o vídeo.
"Os
presos o tomaram como estuprador, mas ele não é. Inadvertidamente, algum dos
presos gravou o vídeo. Quando soubemos da existência do material, instaurei
inquérito policial e fizemos vistoria, recuperando o celular. O inquérito foi
instaurado para investigar o constrangimento ilegal que o preso tenha
passado", explicou.
O delegado
ressaltou ainda que exames de corpo de delito confirmaram que a vítima
supostamente assassinada pelo preso não sofreu violência sexual. O temor da
Polícia era que o homem torturado tivesse sido também estuprado pelos outros
presos. Exames negaram a violência sexual no homem.
Fonte:
Diário do Nordeste
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
Leia Mais sobre o autor