A Polícia
Federal deflagrou, na manhã de ontem, a Operação Apollo, que investiga uma
quadrilha acusada de fraudar as edições do Enem em 2013 e deste ano. Na ação,
realizada simultaneamente no Ceará, Paraíba e Piauí, a PF cumpriu quatro
mandados de prisões temporárias, sendo dois em Juazeiro do Norte (CE) e dois na
Paraíba.
Os
envolvidos, segundo a Polícia, atuavam na captação de estudantes interessados
em se beneficiar com a fraude, sobretudo com o repasse dos gabaritos
respondidos. A investigação foi iniciada em outubro de 2012 e os acusados foram
autuados pelos crimes de fraude a exames de interesse público e formação de
organização criminosa. As penas podem chegar a oito anos de reclusão. Além das
prisões, a Polícia cumpriu ainda 13 mandados de busca e apreensão, sendo sete
no Ceará, quatro na Paraíba e um no Piauí.
No sábado
passado (8), após a aplicação da primeira etapa do Enem, a PF já havia prendido
em Juazeiro do Norte outras duas pessoas que fariam parte deste esquema. Elas
foram pegas em flagrante portando aparelho celular que continha o gabarito das
provas durante o exame.
A delegada
responsável pela Operação Apollo no Ceará, Andreia Karine, informou que dezenas
de estudantes foram mapeados e a PF busca agora identificar os beneficiados. No
esquema criminoso que tinha como foco a região do Cariri, os gabaritos com as
respostas eram repassados durante o exame. Para preservar o curso das
investigações, a PF não revelou como as informações eram recebidas pelos
candidatos no esquema.
Exame mantido
Apesar da
operação da PF, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), Francisco Soares, assegurou que “não há a menor
possibilidade de o exame ser cancelado”. A declaração foi dada, na manhã de
ontem, durante entrevista na Superintendência da Polícia Federal no Ceará.
Ontem,
também o Ministério Público Federal (MPF) no Ceará instaurou procedimento para
apurar o suposto vazamento do tema da redação do Enem deste ano para estudantes
cearenses.
Na sede da
PF, o presidente do Inep reiterou que o instituto se preocupa com a isonomia do
Enem, entretanto garantiu que casos de fraudes devem ser apurados pela Polícia
Federal, por tratarem-se de crimes.
De acordo
com o presidente do Inep, sempre haverá tentativa de fraude ao certame, mas
quem atentar contra o Enem será preso. “Podem ter certeza, quem não estudar e
procurar obter vantagens por outros meios será punido”, assegurou.
Ontem, o
MPF, baseado nas informações veiculadas pelo Diário do Nordeste, que o tema da
redação “Publicidade Infantil no Brasil” teria vazado também para estudantes do
Ceará, instaurou um procedimento para apurar o caso. O MPF do Piauí, onde
surgiu a primeira denúncia de vazamento da edição deste ano já havia adotado a
mesma medida na quinta-feira (13).
No dia
anterior, um estudante piauiense denunciou que teve acesso antecipado ao tema
da redação através de mensagens trocadas em um aplicativo (Whatsapp) do
celular.
Conforme
exposto pelo Diário do Nordeste na edição de ontem, alguns estudantes
garantiram que, pouco tempo antes do exame no domingo (9), receberam o tema da
redação através de mensagens em celulares.
Segundo um
dos alunos, a informação foi repassada por um amigo que mora em Campinas (SP) e
também teria recebido a informação antecipada através de um grupo em um
aplicativo.
O MPF já
havia sido acionado, através da Sala de Atendimento ao Cidadão – canal de
comunicação do órgão na internet – sobre o caso.
MPF deve
convocar estudantes cearenses
No
Ministério Público Federal do Ceará, a apuração do possível vazamento foi
distribuída ainda ontem e ficou a cargo da procuradora da República Nilce
Cunha. Como primeira medida, a procuradora, conforme informado pela assessoria
de comunicação, garantiu que irá convocar os estudantes que afirmam ter tido
acesso ao tema antecipadamente para prestar depoimento.
Outra ação a
ser adotada pelo MPF é ver com estes estudantes a possibilidade de eles cederem
os aparelhos celulares para serem periciados. Somente após esta etapa de
apuração é que o MPF irá decidir qual medida adotará diante do caso, como por
exemplo, a solicitação da anulação da prova.
Em visita ao
Ceará, na última quinta-feira (13), o ministro da Educação, Henrique Paim, se
pronunciou sobre o caso. De acordo com o gestor, a Pasta está segura de que o
processo referente às denúncias de irregularidades está sendo bem conduzido
pela Polícia Federal, que já abriu um inquérito e em breve deve divulgar o
resultado dessas investigações
O presidente
do Inep, Francisco Soares, ressaltou que o instituto tem colaborado com as
investigações desde 2013, fornecendo banco de dados que ajudaram na
identificação dos investigados e na elucidação da fraude.
Mais
informações
Denúncias de
supostas irregularidades podem ser feitas no site www.cidadao.mpf.mp.br
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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