A falta de água e a dificuldade de higienização
decorrentes da seca que atinge os reservatórios da região Sudeste devolvem ao
radar da saúde pública a necessidade de prevenir doenças que já eram
consideradas erradicadas nas grandes metrópoles, como tifo e cólera. O
armazenamento improvisado de água nas residências também aumenta e eleva o
risco de enfermidades tradicionalmente comuns no verão: dengue, febre
chikungunya e rotavírus, além de diversos tipos de diarreia e hepatites A e E.
“De repente, estamos voltando no tempo com doenças
supostamente eliminadas no século retrasado”, diz Pedro Mancuso, professor da
Faculdade de Saúde Pública da USP. Segundo ele, um ambiente sem água é, do
ponto de vista das políticas públicas de saúde, um retrocesso que expõe a
população a patologias comuns por volta de 1800, época em que o pesquisador John
Snow descobriu, no Reino Unido, que a água transmitia doenças. “O pior dos
mundos é a falta de água.
Quando você tem água, mesmo de qualidade duvidosa, você
pode fazer alguma coisa em casa. Agora, com água zero, não tem o que fazer”,
diz Mancuso.
Christovam Barcellos Netto, pesquisador do Laboratório de
Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e
Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), trabalhou como
sanitarista das secretarias estaduais de Saúde do Rio de Janeiro e Rio Grande
do Sul.
Para ele, o principal risco em cidades sem água, ou com
racionamento drástico, é que doenças que hoje ocorrem isoladamente ganhem mais
poder de transmissão, como no caso da febre tifoide e cólera.
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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