Juazeiro do
Norte. Sete pessoas foram presas ontem em cumprimento a mandados de prisão
temporária, conduções coercitivas e mandados de busca e apreensão, determinados
pela Justiça Federal deste município. As prisões aconteceram nos municípios de
Campos Sales e Tauá, durante a deflagração da 'Operação Christianópolis',
realizada pela Polícia Federal (PF), em parceria com o Ministério Público
Federal (MPF), cujo objetivo é apurar fraudes em processos licitatórios, com
rodízio de empresas vencedoras e desvio de verbas públicas provenientes do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Entre os
presos estavam o ex-prefeito do município de Campos Sales, Paulo Ney Martins, e
seu filho, Cristian Aguiar Macedo, além de dois ex-secretários municipais.
Todos são acusados de participarem de esquema fraudulento que teria resultado
no desvio de cerca de R$ 1,4 milhão do FNDE.
Condomínio
O recurso,
que seria utilizado na construção de uma escola com capacidade para até oito
salas de aula, conforme as investigações, acabou servindo para construção de um
condomínio de luxo em Campos Sales. Cerca de 50 policiais participaram da
operação, cujas investigações tiveram inicio em fevereiro do ano passado, a partir
de uma denúncia feita pelo presidente da Câmara de Vereadores de Campos Sales,
informando sobre a realização de um convênio na ordem de R$ 2,8 milhões.
Conforme a
denúncia, 50% do recurso haviam sido liberados pelo FNDE e, deste montante, foi
realizado o pagamento de R$ 400 mil para a empresa responsável pela obra sem
que o trabalho tivesse sido realizado.
"As
investigações constataram que os recursos do convênio foram movimentados, que a
conta foi totalmente zerada e que a parte executada da obra não corresponde aos
pagamentos efetuados", informou a delegada de Polícia Federal Josefa
Lourenço, que preside as investigações.
Segundo ela,
o trabalho da PF em relação ao caso ainda está em andamento e a operação foi
realizada, principalmente para o recolhimento de provas.
O procurador
da República Celso Leal avaliou que existem fortes indícios de desvio de
recursos da União. "Temos indícios de que houve a utilização indevida
destes recursos, bem como a transferência de verbas da conta do convênio para outras
contas e de que a obra de construção da escola não foi, efetivamente,
realizada. Paralelamente, a Polícia Federal conseguiu apurar indícios de
lavagem de dinheiro, através da construção de um empreendimento imobiliário
como forma de dar uma aparência lícita ao dinheiro. Boa parte destes imóveis
está bloqueada judicialmente, assim como alguns valores. Esperamos que todo o
recurso desviado seja recuperado", disse o procurador.
Segundo o
MPF, os acusados deverão responder pelos crimes de fraude licitatória,
associação criminosa, falsificação de documentos, apropriação indébita e
lavagem de dinheiro.
Todas as
pessoas presas foram liberadas após prestarem depoimento na sede da
Superintendência da Polícia Federal, em Juazeiro do Norte. A reportagem tentou ouvir
o ex-prefeito de Campos Sales, Paulo Ney Martins, no momento em que ele deixava
a sede da PF. O ex-gestor se recusou a falar.
Roberto
Crispim
Colaborador
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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