A presidente
DIlma Rousseff (PT) se emocionou em discurso durante solenidade para sanção do
novo Código de Processo Civil ao falar dos protestos do final de semana.
"Nunca mais no Brasil nós vamos ver pessoas, ao manifestarem sua opinião,
seja contra quem quer que seja, inclusive a Presidência da República, sofrerem
quaisquer consequências (...) valeu a pena lutar pela liberdade. Valeu a pena
lutar pela democracia. Este país está mais forte que nunca", afirmou
Dilma, com a voz embargada.
Esta foi a
primeira vez que Dilma se manifestou sobre os protestos realizados no último
domingo (15), quando pelo menos dois milhões de pessoas saíram às ruas de
diversas cidades brasileiras em manifestações contra o governo da presidente.
Houve protestos em todos os Estados do Brasil e no Distrito Federal. Somente em
São Paulo, pelo menos 1 milhão de pessoas, segundo a PM, ou 210 mil, conforme o
Datafolha, protestaram contra a presidente.
Dilma disse
ainda que "muitos da minha geração deram a vida para que o povo pudesse ir
às ruas se expressar". "Eu, particularmente, participei e tenho a
honra de ter participado dos processos de resistência da ditadura. Como outros
brasileiros, sofremos as consequências da resistência para ver esse país livre
da censura e da opressão, da interdição da liberdade de expressão".
Dilma fez um
discurso de união e afirmou que, apesar dos protestos, ela deverá presidir o
país para "203 milhões de brasileiros". "O meu compromisso é
governar para os 203 milhões de brasileiros. Sejam os que me elegeram, sejam os
que não votaram em mim. Sejam os que participam das manifestações, seja os que
não participam", afirmou.
"Vamos
dialogar com todos. Com humildade, mas com firmeza. [...] Ouvir é a palavra,
dialogar é a ação", disse. "No dia em que celebrávamos 30 anos do
retorno à democratização, tivemos nesse dia e na sexta-feira uma inequívoca
demonstração de que o país de agora é um país democrático que convive para
pacificamente com manifestações, ao contrário de muitos países no resto do
mundo".
O termo
"humildade" também foi usado pela manhã pelos ministros José Eduardo
Cardozo (Justiça) e Eduardo Braga (Minas e Energia), em entrevista coletiva
após reunião do gabinete de governo realizada na manhã desta segunda-feira
(16).
"O que
nós queremos (...) é um país que, diante de convites a aventuras e a rupturas
da normalidade política, escolhe o caminho da democracia e do respeito de todos
os princípios constitucionais; um país que, amparado na separação,
independência e harmonia dos poderes, na democracia representativa, na livre
manifestação popular nas ruas e nas urnas, se torna cada vez mais impermeável
ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso",
discursou a presidente. "É com a democracia que se vencerá o ódio, é com a
democracia se combaterá corruptores e corrompidos".
A presidente
voltou a defender os ajustes econômicos que seu governo tenta implementar em
seu segundo mandato. Segundo ela, as medidas são resultado da exaustão das
medidas anti-cíclicas adotadas pelo governo desde o início da crise econômica
internacional, em 2008.
Sobre
corrupção, ela afirmou que não há setor imune a desvios.
"A
corrupção não nasceu hoje. Não só é uma senhora bastante idosa nesse país como
não poupa ninguém. Pode estar em qualquer área, inclusive no setor
privado". Ela disse que o dinheiro possui "poder corruptor" e
que é necessário ter mecanismos de vigilância e fiscalização para combater
desvios.
Fonte: UOL
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