O Ministério
Público do Ceará iniciou investigação contra o prefeito de Solonópole, Webston
Pinheiro (PRB), por ter supostamente pago pela renúncia do vereador Francisco
Margello de Araújo (PMDB).
De acordo
com o pedido de investigação, ao qual a reportagem teve acesso, testemunhas
afirmam que o chefe do Executivo disse ter garantido ao parlamentar, em troca
de sua saída, R$50 mil, terrenos, um trator e empregos para familiares na
administração municipal. A renúncia abriu caminho para que um aliado chegasse
ao parlamento da cidade: Paulo César de Azevedo, mais conhecido como Paulinho
do Esporte (PMDB). O prefeito nega as acusações. De acordo com ele, o vereador
teria dito-lhe que o motivo da renúncia seria a desilusão com a vida pública.
“Ele foi conversar comigo, dizendo que não tinha apoio de ninguém”, declara.
Margello ainda estaria tendo, segundo Webston, seu período como secretário da
administração anterior sendo investigado. “Ele dizia que eram coisas que ele
nem tinha feito. O prefeito é que tinha dado uns papéis para ele assinar”,
comenta. O chefe do Executivo municipal atribui as acusações contra ele a
adversários da oposição.
Vídeo
O
vice-prefeito Carlos Kléber (Pros), um dos nomes a quem Webston atribui a
acusação, negou envolvimento. “Quem está encabeçando isso (a investigação) não
sou eu, é o Legislativo”, afirma. Kléber contra-ataca afirmando que o prefeito
é que deveria comentar o vídeo em que aparece, semanas antes da renúncia,
anunciando a ida de Margello para o lado governista.
No vídeo, em
que também é citado no documento entregue ao Ministério Público, Webston
anuncia a adesão do vereador à base aliada. “Estamos felizes com a adesão de
Margello ao nosso governo, à nossa administração e a gente agradece pela
confiança”, declara. O recém-convertido parlamentar diz, após a fala do
prefeito, estar “fazendo o melhor para mim e quero dizer que quem vai ganhar é
o povo do Solonópole”. Questionado pela reportagem, o chefe do Executivo
minimizou a questão. “Nós apenas conversamos”, comenta, negando que por trás
existisse qualquer negociação sobre a renúncia.
O presidente
da Câmara Municipal, Daniel Pinheiro (SD), também acusado por Webston de estar
ligado às acusações feitas contra ele, declarou surpresa com a fala do
prefeito. “A denúncia não partiu, em nenhum momento, de mim ou da Mesa
Diretora”, diz. Segundo ele, a renúncia de Margello pegou a todos de surpresa.
“Era um vereador que não tinha nenhuma renda declarada, somente o salário de
vereador”, explica. Uma comissão foi criada para investigar o caso. Os
trabalhos devem ser concluídos em 90 dias.
A reportagem
tentou entrar em contado com Francisco Margello, mas as ligações não foram
atendidas.
Saiba mais
No pedido de
renúncia, Margello não revela os motivos que o levaram a deixar o Legislativo.
Apenas alega “motivos pessoais”. O presidente da Câmara nega que seja oposição
a Webston. “Nós fomos do mesmo partido”, declara. O prefeito reafirma a
declaração. “Rompemos e hoje ele é oposição ferrenha a mim”. No documento que
pede a investigação, afirma-se que a renúncia de Margello foi comemorada com
fogos de artifício em frente à Câmara, e ventila-se a possibilidade deles terem
sido financiados pelo governo. Webston nega.
O POVO

Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
Leia Mais sobre o autor