O ex-diretor
de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento
prestado no acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público
Federal, que ele e outros presos na
Operação Lava Jato usaram celular e comeram “costela” na carceragem da Polícia
Federal em Curitiba. O uso de aparelho
telefônico é vetado em qualquer penitenciária no Brasil. Segundo Costa, o
celular era do doleiro Alberto Youssef, que mantinha dinheiro "em espécie”
na cadeia.
As
declarações foram prestadas pelo ex-diretor da Petrobras ao MPF e à Polícia
Federal no ano passado e estavam em segredo de justiça. Na última sexta (6), o
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o fim do
sigilo ao abrir inquérito para investigar 49 pessoas, entre as quais 47
políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras e, a
partir desta segunda (9), o Supremo disponibilizou o conteúdo dos depoimentos.
Na noite
desta segunda, o G1 procurou a assessoria da Polícia Federal em Curitiba, que
informou que só poderia se manifestar nesta terça sobre as supostas
irregularidades na carceragem.
No
depoimento, Paulo Roberto Costa diz ter ouvido de Youssef “que o próprio teria
providenciado o ingresso do aparelho [celular] na carceragem”. Costa admite que
utilizou o telefone por duas vezes para falar com a família.
Na delação,
o dirigente da estatal também fala da alimentação nas celas da PF. Segundo ele,
Youssef pagava pela comida e que, em uma ocasião, foi servida costela aos
presos da Lava Jato.
“[Paulo
Roberto Costa afirma] que também foi entregue comida nas celas, mediante
pedidos dos carcereiros, não sabendo qual deles teria feito o pedido, sendo que
em uma dessas oportunidades foi servida costela; que quem pagava a comida era
Alberto Youssef, o qual era o único que possuía dinheiro em espécie dentro da
custodia”, diz trecho do texto do depoimento.
Paulo
Roberto Costa afirmou não saber se funcionários receberam dinheiro para atender
às solicitações dos presos, mas disse recordar ter atendido a um pedido de um
carcereiro chamado “Benites” por doações a um asilo. O ex-diretor da Petrobras
afirma que uma de suas filhas fez dois depósitos num total de R$ 3 mil.
“Para
implementar os depósitos, Benites forneceu um telefone para qual a sua filha
teria ligado e obtido um número de conta bancária”, informa o relato da
delação.
Indagado
pela PF se recebia um tratamento diferenciado aos presos da operação Lava Jato,
Costa afirmou que o “tratamento era geralmente o mesmo”.
“Todavia, em
algumas oportunidades os carcereiros chegavam mais cedo, por volta das 7h, e
liberavam o banho para a ala dos presos da Lava Jato”, ressalvou o ex-diretor
da Petrobras.
Costa disse
ainda que houve, na prisão, algumas “batidas” nas celas, que resultaram na
retirada de eletrodomésticos e comida.
Ele contou
ainda que, em determinada oportunidade, o advogado Carlos Costa, um dos presos
por suspeita de envolvimento no esquema da Petrobras, pegou uma folha de um
livro de orações e fez um “cigarro com chá de hortelã”.
Segundo o
ex-diretor da Petrobras, “foi dito que esse cigarro teria um cheiro de
maconha”, o que motivou uma “nova batida nas celas, inclusive com cachorro
farejador”.
Fonte: G1
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