Apenas
ontem, no assentamento Curupati-Peixe, foram encontradas 700 toneladas. Causas
para a mortandade ainda não foram definidas. Para tentar reduzir os danos, os
locais das gaiolas de criação serão redistribuídos
700
toneladas de peixes mortos foram encontradas ontem no assentamento
Curupati-Peixe
Em 15 dias,
pelo menos 2,6 mil toneladas de peixes morreram no açude Castanhão. As espécies
eram criadas em gaiolas, concentradas na margem esquerda da barragem. O prejuízo
dos produtores pode atingir os R$ 8 milhões, estima o prefeito de Jaguaribara,
Francini Guedes. Somente na manhã de ontem, foram encontradas 700 toneladas de
pescado morto no assentamento Curupati-Peixe, onde 41 famílias sobrevivem
através da produção.
Ontem, no
Palácio da Abolição, representantes da Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos (Cogerh), do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs),
da Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura do Estado (Seapa) e
piscicultores da região atingida se reuniram para traçar soluções. Ficou
definido que os tanques-rede serão redistribuídos em 26 pequenas unidades, com
no máximo sete hectares e distância de mil metros entre cada uma - informou
Pedro Eymar Campos, coordenador de Pesca e Aquicultura do Dnocs. Atualmente,
ele explica, as áreas de criação são concentradas.
Causas
Ainda não
foram definidas as razões para as mortes. Segundo Francini, na história do
açude não foi registrada uma situação de mortandade tão elevada. Produtores
acreditam que, quando a Cogerh fechou a válvula responsável por liberar água
para o rio Jaguaribe, aconteceu um movimento brusco e a água do fundo - mais
densa - atingiu a superfície. Em nota, a companhia refutou a tese.
Quatro
pontos, segundo a Cogerh, levam ao descarte da hipótese: diferentemente da
velocidade da água em rios e riachos, a velocidade da água no interior de
reservatórios é ínfima, próxima de zero, o que significa que a velocidade da
água após a alteração da vazão liberada ainda continuará sendo insignificante;
o evento de mortandade de peixes aconteceu dias após a operação da válvula; em
outras ocasiões, já foi operado com a vazão atual sem causar mortandade; em
2013, nesta mesma época, aconteceram registros de morte no açude.
Pedro Eymar,
do Dnocs, informou que as motivações reais para o caso estão sendo
investigadas. Amostras da água e peixes mortos foram recolhidos para análise.
“Vamos montar um grupo gestor para o parque aquícola”, pontua. Segunda-feira,
29, está agendada uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Jaguaribara
para discutir o caso e os criadores planejam realizar uma passeata em protesto.
Saiba mais
O açude
Castanhão, na Bacia Hidrográfica do Médio Jaguaribe, tem 19,61% do volume total
- cerca de 1,34 bilhão de m³. “O reservatório pereniza o Vale do Jaguaribe pela
válvula dispersora com vazões que variam de acordo com as necessidades da
operação, respeitando as médias estabelecidas pela alocação negociada,
procurando o atendimento eficiente dos usos múltiplos”, informou, em nota, a
Cogerh.
Segundo
Francini Guedes, a mortandade atingiu Jaguaribara, Jaguaretama, Alto Santo e
Jaguaribe. Na reunião de ontem foi discutida a possibilidade de retardar
pagamentos de financiamentos feitos em instituições bancárias - diz Pedro Eymar.
Parte dos trabalhadores contraiu dívidas para poder investir na produção de
pescado.
O Povo

Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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