Desde que
começou a ressurgir o que restou da antiga cidade de Jaguaribara, inundada para
dar lugar ao açude Castanhão, a localidade, distante cerca de 50 Km da nova
sede, recebe quase que diariamente a visita de centenas de pessoas. São, em sua
maioria, curiosos para ver o que restou da cidade que a seca trouxe à tona após
quatro anos de pouca chuva, além da presença ilustre de moradores que criam
coragem para relembrar momentos de alegrias e tristezas.
Andando por
entre escombros, a agricultora Maria de Fática Carneiro tenta encontrar em suas
lembranças o que ali não existe mais: ruas, praças, pessoas, prédios públicos,
sua casinha de taipa na comunidade do Alto. Foi a primeira visita dela ao que
restou da velha Jaguaribara, onde vivia com esposo e filhos, dois anos após os
primeiros vestígios reaparecerem com a diminuição do nível do Castanhão.
O sentimento
de saudade se confunde com a realidade difícil, que ela consegue retratar
detalhadamente, como quem gostaria de voltar ao passado. "A vida aqui era
uma vida boa, ninguém passava necessidade, a gente passava bem, tinha o
peixinho do rio, que a gente pescava pra vender e pra comer, ninguém tinha
necessidade e lá onde a gente mora, na Nova Jaguaribara, as coisas são mais
difíceis", relatou.
A vida da
agricultora era simples: morava numa casinha pequena, de taipa; não tinha
televisão, nem geladeira. A água para beber era colhida fresquinha no pote e,
mesmo assim, a vida era boa. "Era tudo muito simples, mas assim era
bom", completou. Quase nada ficou em pé devido às demolições que faziam
parte das ações de desocupação da cidade. O fato que impressiona aos moradores
que voltam ao local é o nível da água, que está hoje onde passava o leito do
rio.
A reserva de
20% de água do Castanhão deixou toda a zona urbana de Jaguaribara à mostra.
Vestígios do balneário, onde os moradores se concentravam nos fins de semana
para aproveitar um banho de rio e até da pracinha do Alto da Balança, onde as
memoráveis confusões são relembradas com graça por antigos moradores que
visitam o lugar, são alguns dos vestígios mais visíveis.
Ruas,
canteiros, pontos de ônibus, é o que ainda dá para identificar. Francisco Simão
Neto, esposo de Maria de Fátima, rememora o passado: "aqui era o pilar da
igreja matriz. Conheci o pessoal que trabalhou. Já vi onde era minha casinha,
nem dá pra acreditar que aqui tinha uma marzão de água e agora tá assim",
relata
Ellen
Freitas Colaboradora - Informante // DN Foto // DN

Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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