Orós.
Preocupação. Esse é o sentimento das lideranças políticas locais, dos piscicultores,
produtores rurais acerca da decisão do governo do Estado de que as águas do
Açude Orós, na região CentroSul do Ceará, podem ser liberadas em grande
escala, a partir de abril de 2016, para atender à necessidade de consumo da
Grande Fortaleza, caso não ocorra recarga nos açudes durante a próxima quadra
chuvosa. A cidade começa a se mobilizar e discutir a medida anunciada pelo
governo.
Atualmente,
o açude libera, por meio da válvula dispersora e do canal de transposição,
cerca de quatro mil litros por segundo. O esvaziamento do reservatório tem
impacto enorme na economia regional, vai gerar desemprego, queda de produção de
piscicultura, agropecuária e colapso no abastecimento de várias localidades e
até afetar a transferência de água por caminhõespipa para dezenas de
municípios da Paraíba, que há um ano fazem o abastecimento diário no Açude Lima
Campos, que depende do Orós.
O prefeito
Simão Pedro mostrase muito preocupado e defende a ideia de que a decisão já
anunciada pelo governo do Estado precisa ser analisada, considerando a
necessidade futura do consumo da Região Metropolitana de Fortaleza e a grave
consequência que ocorreria na região, mediante o esvaziamento do Açude Orós.
"Enfrentamos
uma situação grave e as pessoas precisam ter consciência sobre o uso da água
sem desperdício", frisou. "A Grande Fortaleza precisa dar exemplo de
economia. É preciso uma grande campanha de alerta".
O açude Orós
tem papel importante na sustentabilidade da economia local, gerando trabalho e
renda para centenas de famílias de produtores de tilápia em tanques redes;
milhares de agricultores e criadores nas várzeas do reservatório, em Quixelô; e
por dezenas de quilômetros ao longo do Rio Jaguaribe.
"O Orós
é uma verdadeira indústria, pois gera emprego e renda para milhares de
famílias", observou o exgestor municipal Eliseu Batista Filho.
"Todos nós estamos preocupados, vendo a situação se agravar na Paraíba e
no Ceará, daí a necessidade de ampliar as campanhas de uso consciente da
água". Ele afirmou que a questão não é impedir a transferência de água
para Fortaleza, mas ponderar que não se deve simplesmente esvaziar o Açude Orós
sem um plano compensatório e ações alternativas para os produtores rurais.
O Açude
Orós, nos últimos anos, vem assegurando a perenização do Vale do Jaguaribe até
o Açude Castanhão, transfere água para abastecimento das cidades de Jaguaribe,
Jaguaribara, Icó, além de distritos e vilas, como Feiticeiro e Nova Floresta,
em Jaguaribe, e Guassussê, Pedregulho e Igarói em Orós.
A atividade
de piscicultura na bacia do Açude Orós gera ocupação para 700 famílias. A
produção de tilápia por mês é estimada em 120 toneladas. O quilo do pescado é
vendido em média por R$ 6. São cerca de R$ 7,2 milhões movimentados mensalmente
nas mãos de produtores da aquicultura familiar.
"Todo
esse quadro mostra que é preciso alertar a população do Ceará para o uso
restrito, econômico de água", disse o prefeito Simão Pedro. "Vamos
procurar inicialmente a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), a
Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) e discutir sobre a decisão de esvaziar o
Orós", anunciou.
"Uma
medida drástica dessa dimensão vai gerar prejuízos enormes para a economia
regional".
O
esvaziamento do Açude Orós, ocorrido em 1993 para transferência de água, em
caráter de urgência, para a capital cearense, por meio do Canal do Trabalhador,
ainda está na memória dos moradores e produtores da bacia do reservatório.
Naquele ano, ficou com menos de 10% da capacidade. "Até hoje não houve
nenhuma compensação", observou o produtor rural Luís Cândido.
"Centenas, milhares de produtores ficaram sem trabalho e renda por mais de
dois anos", disse.
O
proprietário de barco que faz passeios com turistas disse que a movimentação já
caiu mais de 50% porque o açude está com volume baixo. "Se secar, ninguém
vem visitar e vamos viver de quê?", disse Pedro Souza. O integrante do
Comitê de Bacia do Alto Jaguaribe, Paulo Landim, disse que questionou, na mais
recente reunião em Limoeiro do Norte, o anúncio do governo em adotar uma
operação de liberação de água do Açude Orós em grande quantidade para o
Castanhão e depois para Fortaleza. "Em 1993, não existiam os comitês de
bacias e as comissões gestoras", lembrou. "Agora, esses órgãos têm
discussão coletiva sobre a vazão dos açudes e essa decisão do governo não
passou ainda por nenhuma dessas instâncias", completou.
Landim disse
que, caso ocorra a transferência em larga escala de água do Orós, será uma
medida que esvazia o papel dos órgãos de deliberação da vazão de água nos
açudes do Ceará. "Creio que haverá mobilização, pois milhares de pessoas
dependem da água do Orós".
Há cerca de
um mês foi suspensa a transferência de água por gravidade do Orós para o Açude
Lima Campos, em decorrência da queda de volume do reservatório.
Centenas de
caminhõespipa continuam retirando água do Lima Campos para dezenas de
municípios da Paraíba. A cidade de Icó também depende da água desse açude para
o abastecimento dos moradores.
Mais
informações: Escritório da Cogerh em Iguatu Telefone: (88) 3581 0800
Secretaria
de Aquicultura e Pesca de Orós Telefone: (88) 35841160
Fonte:
Diário do Nordeste
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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