Com
investimento de R$83 mil através do Fundo Estadual de Desenvolvimento da
Agricultura Familiar (Fedaf), o agricultor familiar Francisco Ednaldo
Clementino Gonçalves vem dando passos pioneiros quando o assunto é inovação. É
iniciativa sua a aplicação de energia eólica numa unidade de beneficiamento de
fruta na comunidade de Barreiras, zona rural do município de Quixeré, a 218
quilômetros de Fortaleza.
“Quando
tivemos a ideia muitos achavam que fosse difícil ter potencial, porque
aparentemente não tínhamos tanto vento assim. Mas o estudo de viabilidade feito
na Alemanha comprovou que não só tinha potencial, mas, também, um ótimo
potencial”, diz alegre Ednaldo, explicando que na parte mais alta da turbina o
vento é forte e constante. Atualmente, a turbina eólica gera 400 Kw (quilowatt)
de energia, que abastece a produção de manga, cajá, goiaba, uva, abacaxi,
acerola, tamarindo entre outras frutas.
Quem vê, no
entanto, a conquista do produtor não imagina as dificuldades e o quanto lutou
para que tudo fosse um sucesso há mais de 10 anos. Atual presidente da
Associação Comunitária Ribeirinha de Barreiras, que conta com 20 associados,
Ednaldo precisou vencer práticas antigas e inadequadas para o uso de defensivos
orgânicos, por exemplo.
Os
resultados da persistência em práticas agroecológicas e sustentáveis já vieram:
a segunda fábrica de beneficiamento de frutas, mais moderna e que vai gerar
mais emprego e renda na comunidade, deve ficar pronta em 2016 com recursos do
projeto São José e Fedaf, no total de investimento de R$400mil, 10 anos para
pagar e dois anos de carência. Em 2016 serão aproximadamente 30 empregos
diretos e mais de 70 indiretos entre produtores, vendedores, entregadores,
comerciantes, microempresários. Cada trabalhador nessa cadeia produtiva recebe,
em média, um salário mínimo e meio e dependendo do período esse valor pode
aumentar.
Desenvolvimento
sustentável
Se há uma
prática de produção agroecológica que é modelo a ser estimulada ela está na
unidade de beneficiamento em Barreiras. Com apoio técnico de técnicos da
Ematerce (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e do Sebrae (Serviço
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), os associados foram se especializando
em práticas como uso e produção de defensivos naturais para combate às pragas,
irrigação por gotejamento, enxerto de frutas, além de cursos de capacitação e
formação. “Tá tudo aqui na natureza. O biofertilizante é feito à base de urina
de vaca, esterco, microorganismos que aprendemos a produzir com arroz e terra e
melaço de cana”, esclarece Ednaldo.
Atendendo ao
mercado de comerciantes de Fortaleza, pequenos comerciantes e setor público
como escolas, Ednaldo só vê possibilidade de crescimento para o setor. “Já
vendemos 40mil quilos de frutas para Prefeitura de Fortaleza mas, infelizmente,
restringiu-se a nossa participação proibindo a venda dos agricultores
familiares do interior e permitindo a venda de 30% dos produtos apenas por
cooperativas da Região Metropolitana de Fortaleza. “Só desejamos que 5% das
compras do Governo venham do interior. Já é o suficiente para nossa
sobrevivência no mercado”, diz Ednaldo, que deve se encontrar com o secretário
Dedé Teixeira nos próximos dias para definir uma política de comercialização
dos produtos para o Governo.
Investimento
Com o
investimento de R$ 242,5 mil em equipamentos para a geração de energia limpa, o
Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA)
e o Fundo Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (FEDAF), vem
apoiando famílias, nos municípios de Quixeré (na comunidade da Lagoinha) e em
Irauçuba (na comunidade Saco do Vento), com a implantação de 24 placas solares
(sendo 12 placas em cada município), que servem para a geração de energia e é
distribuída para irrigação de bananeira.
O Fedaf
possui projetos instalados e em funcionamento que auxiliam os produtores rurais
na geração de energia a partir de recursos naturais. O primeiro projeto está
voltado para a micro geração de energia solar, localizado na comunidade Saco do
Vento e atende a 10 famílias (em 10 residências) mais uma central de
bombeamento de água para a comunidade que é utilizada na irrigação da
agricultura familiar. O outro projeto é de micro geração de energia eólica no
município de Quixeré na comunidade da Lagoinha.
A instalação
das placas serviu de protótipo para o Estado e agricultores. Devido a baixa
quantidade de chuvas no estado, a energia convencional, gerada a partir de
usinas hidrelétricas, se torna cara para quem vive da agricultura e isso faz
com que se busque outras fontes de energia. “O objetivo principal do projeto é
diminuir os custos para o produtor rural e também ajudar a conservação do meio
ambiente, já que a energia solar é uma fonte limpa de energia”, afirma o
secretário executivo do Fedaf, Marco Aurélio.
Mais sete
projetos a serem instalados em 2015
Esta não é a
única iniciativa do estado, no que se refere ao uso de placas solares, para a
irrigação de bananeira, pois existem sete projetos tramitando no Banco Nacional
do Nordeste (BNB). Cinco projetos estão voltados para o município de Quixeré,
um em Aracati, no projeto João Paulo II e mais um na Cooperativa Agroecológica
da Agricultura Familiar dos Caminhos de Assis, em Maranguape (Cooperfam)
totalizando 36 placas solares a serem instaladas, além da micro geração de
energia eólica instalada na comunidade de Barreiras.
Assessoria
de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Agrário
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