Dois pilares
da música brasileira, cada qual com aproximadamente 40 anos de carreira, não é
de hoje que as trajetórias Fagner e Zé Ramalho se cruzam. Quando o paraibano Zé
lançou o seu primeiro disco solo, "Zé Ramalho", em 1978, foi Fagner -
que já era sucesso e tinha cartaz junto à gravadora CBS - que lhe abriu as
portas, lançando o disco pelo selo Epic/CBS, o qual dirigia. Parceiros em
gravações esporádicas, amigos, compadres - Fagner é padrinho de filhos de Zé -
e vizinhos de apartamento, ao longo dessas quatro décadas, faltava, porém, um
disco juntos.
Gravado ao
vivo, os dois lançam "Fagner & Zé Ramalho", com duetos dos
grandes sucessos de um e de outro. O disco sai em CD e DVD, com registros
feitos em três noites no Teatro Net Rio, no Rio de Janeiro, em julho desse ano.
"Há quase três anos estávamos tentando arranjar uma data para gravar. Ele
viaja muito, eu também, e o projeto foi se delineando até a gente realizar esse
ano", situa Raimundo Fagner, lembrando que a ideia partiu de Zé Ramalho,
em um dos encontros corriqueiros no prédio em que moram. "A gente é
vizinho. Ele falou, tá na hora de fazer. Acho que foi um pouco inspirado no meu
disco com Baleiro", sugere, mencionando o álbum "Raimundo Fagner
& Zeca Baleiro" (2003), que também rendeu um DVD ao vivo.
O show teve
direção musical Robertinho do Recife, músico parceiro antigo de ambos e que fez
parte do momento de efervescência nos anos 1970, em que a música que vinha do
Nordeste ganhava novos contornos com nomes como ele, Fagner, Zé, e ainda
Geraldo Azevedo, Alceu Valença e a cantora Amelinha, que na época foi casada
com Zé e explodiu nacionalmente com "Frevo Mulher", música que ele
lhe dedicou. "Eu que lancei a Amelinha. Sou padrinho dos filhos deles,
sempre tivemos proximidade", reforça Fagner, sobre o convívio de décadas
com o "novo" parceiro.
Dueto
A afinidade
do repertório dos dois já havia sido posta à prova em gravações e participações
pontuais nos discos de um e de outro. O dueto já havia sido experimentado, por
exemplo, em 1998, no disco "Amigos e Canções", de Fagner, que divide
com Zé “Astro Vagabundo (de Fagner e Fausto Nilo)”. "Eternas Ondas",
composição de Zé Ramalho, virou sucesso na voz de Fagner, que assinou sua
primeira gravação. Fagner também já havia gravado "Pelo vinho e pelo
pão", de Zé, em 1978.
O repertório
do novo disco inclui sucessos dos dois compositores "Asa Partida",
"Mucuripe", "Noturno" e "Pedras que cantam", de
Fagner; e, do lado de Zé Ramalho, "Chão de Giz", "Garoto de
Aluguel" e "Admirável Gado Novo". Com 16 faixas, o disco abre
com Fagner e Zé a sós no palco. Além de cantar, durante todo o show, eles
aparecem em dueto também de violões.
"O
espírito do disco é algo mais intimista", justifica Fagner. A banda de
apoio é composta também por músicos que tinham, já, afinidade com os dois
intérpretes, e apresentam arranjos sutis, privilegiando voz e violões. Além de
Robertinho, participaram músicos como o violonista Manassés, que acompanha
Fagner já há muitos anos, o tecladista Marcos Farias, que também é da atual
banda do cearense, o percussionista Mingo Araújo, que já acompanhou os dois
artistas.
Turnê
Sobre o
resultado da parceira, avalia o compositor cearense, ambos ficaram satisfeitos
com o resultado. "O Zé tem uma assinatura muito dele. Trabalho muito
pessoa, fortemente ligado as raízes nordestina. Tem originalidade, que é o que
mais me fascina. Tem um estilo diferente do meu, mas a gente vem em caminhos um
pouco paralelos. A química dava a impressão de que poderia funcionar. E a gente
acha que conseguiu", avalia.
A circulação
do espetáculo ainda não está confirmada, mas Fagner antecipa que esta
possibilidade já está sendo ventilada. "Recebemos muitos convites para
sairmos para rua. No caso de próximos shows, vamos modificar o formato, agregar
outros músicos e até gravar um segundo DVD", revela o músico.
CD/DVD
Fagner &
Zé Ramalho ao vivo
Raimundo
Fagner e Zé Ramalho
Sony
Music2014, 16 faixas
R$ 19,90 /
R$ 29,90
Fábio
Marques
Repórter
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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