Em discurso
no plenário da Câmara, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse nesta terça (9)
que só não "estupraria" a colega Maria do Rosário (PT-RS),
ex-ministra de Direitos Humanos, porque ela "não merecia".
Conhecido
por suas posições polêmicas, contrárias aos direitos humanos, Bolsonaro atacou
a ministra ao rebater um discurso feito por Maria do Rosário minutos antes no
plenário da Câmara, no qual a ex-ministra defendeu a Comissão da Verdade e as
investigações dos crimes da ditadura militar.
O PT discute
apresentar uma representação contra o parlamentar por quebra de decoro
parlamentar.
"Não
saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos
dias [na verdade a discussão ocorreu há alguns anos] você me chamou de
estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não
merece. Fique aqui para ouvir", afirmou Bolsonaro.
Irritado, o
deputado também mandou a deputada "catar coquinho" e fez sucessivos
ataques ao governo Dilma Rousseff.
"Maria
do Rosário, por que não falou sobre sequestro, tortura, execução do Prefeito
Celso Daniel, do PT? Nunca ninguém falou nada sobre isso aqui, e estão tão
preocupados com os direitos humanos. Vá catar coquinho", disse o deputado.
"Mentirosa, deslavada e covarde", completou.
Em seu
discurso, Maria do Rosário criticou as manifestações pelo país que defendem o
retorno da ditadura militar, o que irritou Bolsonaro.
A petista
também fez uma defesa da democracia e das Forças Armadas que não são
"avessas ao Estado democrático de direito".
"São
poucos na verdade, mas deveriam ter consciência do escárnio que promovem indo
às ruas pedir a ditadura, pedir o autoritarismo e o impeachment. Ora, figuras
de linguagem desvalidas porque colocadas no pior lixo da história", disse
a deputada.
Em resposta,
Bolsonaro afirmou que o Dia Internacional dos Direitos Humanos é o "dia
internacional da vagabundagem", uma vez que se aplica apenas a
"bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e corruptos".
Bolsonaro
também fez ataques à presidente Dilma, ao afirmar que o ex-marido da petista
participou de uma "execução" durante a luta armada na ditadura.
Bolsonaro disse que o governo Dilma é o "mais corrupto da história do
Brasil" com as denúncias envolvendo a Petrobras.
"Vamos
partir para onde? Para a cubanização como uma forma de salvar o País? Volta à
CPMF, a nova alíquota do imposto de renda, a taxação de grandes fortunas.
Governo canalha, corrupto, imoral, ditatorial", atacou.
A deputada
Manuela D'Ávila (PC do B-RS) reagiu aos ataques de Bolsonaro contra Maria do
Rosário em sua conta no Twitter. A deputada disse que o PC do B vai ingressar
com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética da Câmara.
"Quando
ele diz que ela não merece ser estuprada diz sublinarmenre que algumas mulheres
merecem e que ele é potencial estuprador. No Congresso, o barco segue como se
nada fosse. Um dia sou eu, noutro @Alice_Portugal, noutro @vanessasenadora,
hoje @_mariadorosario", disse em referência a outras parlamentares que já
receberam críticas de Bolsonaro.
REINCIDENTE
Esta é a
segunda vez em que Bolsonaro, na condição de deputado, diz que não estuprará
Maria do Rosário porque ela não merece. Em novembro de 2003, ele discutiu com
ela, que era deputada, diante das câmeras da RedeTV! no Congresso Nacional.
A então
deputada acusou Bolsonaro de promover violência, inclusive violência sexual:
"O senhor promove sim", dizia a deputada. "Grava aí que agora eu
sou estuprador", retrucou o petista. "Jamais iria estuprar você,
porque você não merece", acrescentou.
Diante da
fala, Maria do Rosário disse que daria uma bofetada em Bolsonaro se este
tentasse algo. Passou a receber empurrões do deputado, que a respondia "dá
que eu te dou outra", antes de começar a chama-la de "vagabunda"
e ser contido pelos seguranças da Câmara.
Alterada, a
petista o criticou por chamar qualquer mulher de "vagabunda".
Em
entrevista, Bolsonaro disse a briga começou com um comentário sobre a redução
da maioridade penal. Ao ouvir que Maria do Rosário era contrária à medida,
sugeriu que a deputada contratasse o Champinha (Roberto Alves da Silva), que
participou do estupro e assassinato de Liana Friedenbach, para ser motorista de
sua filha.
RESPOSTA
Após a
confusão, Maria do Rosário afirmou que deseja "distância" de
Bolsonaro e vai pedir para que o comando da Casa o impeça de mencioná-lo. A
petista afirmou ainda que considera a atitude dele típica de um torturador.
A deputada
Jandira Feghali (PC do B) disse que o PC do B avalia se vai apresentar uma
representação no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar e também
uma queixa crime no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo ela,
além de ter assumido que foi torturador durante o regime militar, agora,
Bolsonaro "assume que é estuprador".
O presidente
da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que Maria do Rosário tem
instâncias dentro da instituição para pedir a avaliação do caso.
"A
deputada tem todo o instrumental da Câmara para recorrer, para contestar e a
Câmara se pronunciar no caso de excesso e abuso punir o deputado, se assim
entender. Na Câmara, não pode ter esse tipo de comportamento. Temos que dar o
exemplo aqui nas relações políticas e pessoais", disse.
* Com
informações da Folha de S. Paulo
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
Leia Mais sobre o autor