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25 de maio de 2015

Pobreza atinge quase 80% dos bairros

Dona Maria das Graças Nascimento, 65, mora numa pequena casa do Conjunto Palmeiras com dois dos nove filhos que teve. Seis tomaram rumo próprio e vivem com suas famílias. Foi o que faleceu, entretanto, que garante o sustento da idosa através de uma pensão. "Se não fosse isso, eu estava pedindo esmola, porque tenho problema de saúde e não posso trabalhar", disse. Do casal que está com ela, ambos adultos, um tem o ensino fundamental incompleto e trabalha, enquanto a outra nunca estudou e não possui renda. Separada, ela relata as lutas que enfrenta desde que chegou ao local, 18 anos atrás. "A gente tem pouco, mas foi com muita luta que a gente conseguiu. Meu filho teve dificuldade de conseguir um emprego, mas agora está mais tranquilo", comemorou.

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A dificuldade de Dona Maria para manter uma receita que garanta o sustento da família é compartilhada por tantas outras, não apenas da sua comunidade, mas de toda a Capital. Dos 117 bairros de Fortaleza pesquisados, 92 possuem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) relativo à renda avaliado como muito baixo, o que corresponde a 78,63% do total. Os dados são do censo do IBGE de 2010, mas as informações por bairro foram mapeadas num levantamento da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Município (SDE) lançado neste mês. Três bairros criados recentemente não foram contabilizados no estudo (Novo Mondubim, Parque Santa Maria e Olavo Oliveira).

A pesar de a situação ser crítica em toda a cidade, o Conjunto Palmeiras se destaca como o bairro com o pior IDH-Renda. Pelas ruas da comunidade, é comum ver pessoas sem ocupação nas calçadas e residências transformadas em pequenos comércios informais. Há também quem bata de porta em porta para vender seus produtos, como o ambulante Vladi Mendes, que há 30 anos carrega uma pequena carroça com "tudo para a casa", como ele diz. "Sustento minha casa e crio meus cinco filhos com isso", relatou. Apesar da pobreza do local, ele garante o negócio vendendo fiado através de cartelas criadas por ele. "Depois desse tempo todo comercializando nas ruas, a gente aprende a conhecer quem é o bom e o mau pagador", afirma o comerciante.

Na outra margem da desigualdade, Fortaleza tem apenas sete bairros com o IDH-Renda muito alto, dos quais o maior é o Meireles, com pontuação máxima. Este também é o único local da cidade com um faturamento médio por domicílio superior a cinco salários mínimos. Os dez bairros com maior receita, juntos, concentram quase um terço de todos os recursos recebidos na capital cearense (31,6%).

Já os bairros que se mantêm com menos de um salário por mês somam 75, dos quais o que registra o menor valor é Pedras.

O IDH também considera a longevidade e a educação no cômputo geral, o que levaram o índice a um melhor resultado em termos gerais mas, ainda assim, muito baixo em 88 bairros e muito alto em somente três: Aldeota, Dionísio Torres e Meireles.

O titular da Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra), Claúdio Ricardo, reconhece que Fortaleza é uma "cidade de muitas desigualdades" e ressalta os desafios. "Temos um saldo positivo de geração de empregos, mas o salário é baixo", afirmou. Segundo ele, as políticas da Prefeitura para diminuir a pobreza passam pela assistência social, "fundamentada no acesso à renda e inclusão produtiva, através da qualificação, elevação de autoestima e escolaridade", afirmou. Além disso, a política do trabalho e qualificação realiza a capacitação e oferece vagas e orientação profissional.

Germano Ribeiro

Repórter fonte DN



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