Apontada
como a principal alternativa de fornecimento hídrico para os cearenses nos
próximos anos, caso as previsões de mais um período de seca se concretizem, a
Transposição do Rio São Francisco corre o risco de parar até que sejam
concluídas as investigações sobre desvios milionários de recursos destinados
pelo Governo Federal para a conclusão da obra que vai beneficiar mais de 12
milhões de pessoas em 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba
e Rio Grande do Norte. Prevista para terminar em 2017, a transposição do “Velho
Chico” atende a uma demanda de recursos hídricos na região Nordeste do Brasil.
Essa
possibilidade pautou o discurso do deputado estadual Roberto Mesquita (PV) na
sessão desta sexta-feira, 11, na Assembleia Legislativa. Ele alertou para o
risco de a obra ser paralisada, o que seria uma verdadeira “tragédia” para os
cearenses que vêm nela a esperança de abastecimento de água, caso tenhamos mais
um ano de seca. “Não podemos deixar que essa obra pare. Com a situação de seca
que estamos vivendo, precisamos da entrega, que é fundamental”, ressaltou.
A integração
do Rio São Francisco é considerada a maior obra de infraestrutura para
abastecimento de água da história do Brasil. Iniciada em 2007, a conclusão da
transposição estava originalmente planejada para 2012, mas após vários
contratempos, a entrega foi sendo adiada. Nesse intervalo também saltaram os
investimentos. O orçamento inicial previa R$ 4,8 bilhões, mas atualmente supera
os R$ 8 bilhões.
De olho nos
números, a Polícia Federal iniciou investigação no sentido de apurar
superfaturamento de obras de engenharia executadas por empresas em dois dos 14
lotes da transposição do Rio São Francisco. Nesta sexta-feira, foi deflagrada a
Operação Vidas Secas – Sinhá Vitória. O nome representa a mulher do sertão, que
não se rende à miséria. Uma personagem descrita no livro “Vidas Secas” de
Graciliano Ramos, como uma mulher forte, que fazia as contas do pagamento
recebido do dono da fazenda onde trabalhavam sempre chegando à conclusão de que
eram roubados.
Segundo a
Polícia Federal, foram presos um executivo que representa a OAS e a Coesa, um
da Barbosa Mello e dois da Galvão Engenharia. As prisões são temporárias e
valem por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, ou podem ser convertidas em
preventivas – quando não há prazo definido. Além das prisões, cerca de 150
policiais federais cumpriram 32 mandados judicias, sendo 24 de busca e
apreensão, quatro de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar
depoimento) no Ceará, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, no Distrito
Federal, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e na Bahia.
Ainda de
acordo com a PF, empresários do consórcio OAS/Galvão/Barbosa Melo/Coesa
utilizaram empresas de fachada para desviar cerca de R$ 200 milhões das verbas
públicas. Os valores eram destinados à transposição do rio, no trecho que vai
do agreste de Pernambuco até a Paraíba. Os contratos investigados, até o
momento, são de R$ 680 milhões. ceara agora
Folha Serrana, um site criado para mostrar os fatos e cultura dos Bastiões/Iracema e toda a região jaguaribana...
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