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12 de dezembro de 2015

Corrupção pode ampliar atrasos na Transposição do São Francisco

Apontada como a principal alternativa de fornecimento hídrico para os cearenses nos próximos anos, caso as previsões de mais um período de seca se concretizem, a Transposição do Rio São Francisco corre o risco de parar até que sejam concluídas as investigações sobre desvios milionários de recursos destinados pelo Governo Federal para a conclusão da obra que vai beneficiar mais de 12 milhões de pessoas em 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Prevista para terminar em 2017, a transposição do “Velho Chico” atende a uma demanda de recursos hídricos na região Nordeste do Brasil.

Essa possibilidade pautou o discurso do deputado estadual Roberto Mesquita (PV) na sessão desta sexta-feira, 11, na Assembleia Legislativa. Ele alertou para o risco de a obra ser paralisada, o que seria uma verdadeira “tragédia” para os cearenses que vêm nela a esperança de abastecimento de água, caso tenhamos mais um ano de seca. “Não podemos deixar que essa obra pare. Com a situação de seca que estamos vivendo, precisamos da entrega, que é fundamental”, ressaltou.

A integração do Rio São Francisco é considerada a maior obra de infraestrutura para abastecimento de água da história do Brasil. Iniciada em 2007, a conclusão da transposição estava originalmente planejada para 2012, mas após vários contratempos, a entrega foi sendo adiada. Nesse intervalo também saltaram os investimentos. O orçamento inicial previa R$ 4,8 bilhões, mas atualmente supera os R$ 8 bilhões.

De olho nos números, a Polícia Federal iniciou investigação no sentido de apurar superfaturamento de obras de engenharia executadas por empresas em dois dos 14 lotes da transposição do Rio São Francisco. Nesta sexta-feira, foi deflagrada a Operação Vidas Secas – Sinhá Vitória. O nome representa a mulher do sertão, que não se rende à miséria. Uma personagem descrita no livro “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, como uma mulher forte, que fazia as contas do pagamento recebido do dono da fazenda onde trabalhavam sempre chegando à conclusão de que eram roubados.

Segundo a Polícia Federal, foram presos um executivo que representa a OAS e a Coesa, um da Barbosa Mello e dois da Galvão Engenharia. As prisões são temporárias e valem por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, ou podem ser convertidas em preventivas – quando não há prazo definido. Além das prisões, cerca de 150 policiais federais cumpriram 32 mandados judicias, sendo 24 de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento) no Ceará, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, no Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e na Bahia.


Ainda de acordo com a PF, empresários do consórcio OAS/Galvão/Barbosa Melo/Coesa utilizaram empresas de fachada para desviar cerca de R$ 200 milhões das verbas públicas. Os valores eram destinados à transposição do rio, no trecho que vai do agreste de Pernambuco até a Paraíba. Os contratos investigados, até o momento, são de R$ 680 milhões. ceara agora

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